Os brasileiros que viajam ao exterior trocaram os cartões de crédito e pré-pagos em moeda estrangeira pelo dinheiro em espécie. A compra de papel moeda de outros países cresceu quase 30% entre 2013 e 2014, segundo dados do Banco Central.
No mesmo período, o uso de cartões de crédito em transações no exterior caiu 5%. A compra de moeda estrangeira por meio de cartões pré-pagos, que havia se destacado em 2013, despencou 74%.
Em todos os casos, a perda de interesse pelo dinheiro de plástico está relacionada às mudanças tributárias promovidas pelo governo.
Em março de 2011, o IOF sobre gastos no cartão de crédito no exterior subiu para 6,38%. Em dezembro de 2013, essa taxação foi estendida ao pré-pago. A compra de moeda em espécie continua com tributação de 0,38%.
João Medeiros, diretor da Pioneer Corretora de Câmbio, diz que não é raro os brasileiros viajarem hoje com maços de dólar, mesmo diante dos riscos de carregar moeda em espécie. “O pré-pago era um produto fantástico em relação a segurança e eficiência. O governo matou o produto.”
No ano passado, foram comprados US$ 9,9 bilhões em espécie. No pré-pago, o valor caiu de US$ 3,3 bilhões para US$ 870 milhões.
O uso do cartão de crédito no exterior, em viagens ou compras pela internet, atingiu no ano passado o menor valor em quatro anos, US$ 11,7 bilhões. Essas despesas já haviam recuado em 2012, quando turistas começaram a migrar para os cartões pré-pagos. Em 2013, o volume praticamente não alterou.
No total, o valor em dólar das transações com moeda estrangeira nessas três modalidades, as mais utilizadas no câmbio turismo, caiu 4% em 2014, segundo o BC.
Glaucy Lima, gestora da área de câmbio turismo da Fair Corretora, afirma que o aumento de tributo mudou o perfil do cliente que procura o produto pré-pago.
“Hoje, são adolescentes indo fazer intercâmbio de um ou dois meses, que não teriam como abrir conta lá fora e levam o cartão para receber dinheiro dos pais.”
Mesmo nesses casos, ainda há quem prefira enviar o dinheiro por meio de remessas para serem sacadas fora do país, pagando imposto menor, segundo ela.
“Entre os viajantes, a maioria leva dinheiro no bolso. As pessoas não querem adquirir nem carregar o pré-pago. Ou colocam uns US$ 200 só para levar algum coisa a mais.”
Alexandre Fialho, diretor da corretora Cotação, afirma que o valor total das vendas, na soma de pré-pago e espécie, não se alterou em 2014 em relação a 2013, houve apenas migração do primeiro produto para o segundo. Ele espera aumento de 15% na procura por moeda estrangeira em 2015, apesar do sobe e desce no preço do dólar.
Fialho recomenda que as pessoas façam as compras de forma parcelada, levem uma parte do dinheiro no pré-pago por questões de segurança e tomem cuidado ao fazer pagamentos de grande valor no cartão de crédito.