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IFAC na capital oferece curso sem reconhecimento do MEC

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O sentimento de revolta e frustração resume bem a situação dos 23 estudantes da 1ª turma do Curso Tecnólogo Superior em Gestão de Processos Escolares, do Instituto Federal do Acre (IFAC) – Campus Rio Branco -, após descobrirem que estudaram três anos e não receberão seus diplomas devido ao não reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).


A estudante Cirley Rezende ressalta que além de não obterem o diploma, ficarão impedidos de realizar concurso público na área e muitos, que já atuam na área, perderão a progressão de carreira, enquanto outros que sonhavam entrar no mercado de trabalho ficarão ‘a ver navios’ pelos próximos dois a três anos, até que a instituição consiga o aval do MEC para o reconhecimento do curso.


Indignada, a turma decidiu abrir uma representação junto a Defensoria Pública da União (DPU) pedindo providências, já que além do curso não ser reconhecido do MEC existe a pendência de quatro disciplinas que ainda não foram ministradas pela Instituição, devido a carência desses profissionais no quadro funcional da instituição.


Cirley Rezende explica que após a juntada de toda documentação solicitada pela DPU, a denúncia passará por análise para que sejam adotados os procedimentos iniciais. Ela destaca que os estudantes pretendem reunir as demais turmas, tanto as de Rio Branco, como as de Cruzeiro do Sul, numa Ação Civil Pública Coletiva.


“Nossa preocupação é que desde o inicio, eles (IFAC) deveriam ter acelerado o processo para contratação dessas disciplinas que não foram ministradas, sendo que três delas são as de maior necessidade: Gestão de Documentos e Processos Escolares, Gestão de Processos e Fluxos Escolares e Bibliotecas Escolares. Eles tiveram três anos para resolver isso, agora estão pedindo mais dois meses para realizar um processo seletivo para contratação desses profissionais, mas nossa maior preocupação não é essa, e, sim, o fato de estarmos num curso que não é reconhecido pelo MEC. Na semana passada estivemos reunidos com a direção e recebemos a informação que todo o processo para validação pode demorar de dois a três anos. Até lá, como ficamos…a ver navios?”, indagou.


Os estudantes da primeira turma (2012) relatam que estão em andamento outras cinco turmas na capital, sendo que a cada nova turma são ofertadas 40 vagas. Em Cruzeiro do Sul a situação se repete, conta o estudante Márcio Bento, que segura em suas mãos o relatório de conclusão do curso relativo as praticas vivenciadas (estágio) nos seis módulos. No documento, ele e os demais utilizaram a página de agradecimentos para também criticarem o desrespeito da instituição para com o curso e os estudantes.


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Professor afirma que curso foi enfiado goela abaixo numa negociação de gabinete com o Executivo


Ao sair na defesa de seus alunos, o professor do IFAC, Everaldo Araújo, formado em Administração, disparou duras criticas quanto ao planejamento pedagógico e de gestão da matriz curricular.


IMG_5877“O curso, na verdade, é uma negociação no estilo ‘balcão de gabinete’. Esse curso foi ofertado sem saber se o mercado estava pronto, não teve um planejamento da matriz do curso, essas matrizes eram gasosas e invertebradas. O mercado não estava pronto para oferecer esse curso, mas mesmo assim, eles colocaram. Desceram de goela abaixo para os campus ministrarem, sem planejamento, sem avaliar se haviam professores aptos e com formação especifica e experiência de gestão escolar para ministrarem as disciplinas. Este curso é maravilhoso, um curso feito para formar profissionais aptos a gerenciar, mas a grande maioria dos professores que estão intermediando o conhecimento com os alunos sequer tem conhecimento do funcionamento do processo de gestão escolar e, isso trouxe uma descontextualização do curso”, disparou.


Para o docente, o problema seria reflexo de decisões políticas impensadas. “Isso acontece hoje porque alguém sentado num gabinete, o reitor da época, fez um acordo com Executivo e acabou, por uma questão política, decidindo ofertar este curso no Estado. Fizeram isso, sem pensar nos impactos que iam sofrer esses alunos. Agora, depois de três anos de estudos, eles voltarão para suas casas sem a titulação. Muitos ficaram na berlinda de perderem até a progressão nos setores de trabalho, onde já desempenham atividades relacionadas”, desabafou o professor.


O que diz o Instituto Federal do Acre


A reportagem do ac24horas entrou em contato com o Instituto Federal do Acre (IFAC), por meio de sua assessoria de comunicação, e após o envio dos principais questionamentos e reclamação dos estudantes – via email -, o IFAC emitiu uma nota, onde explica o porquê da falta de docentes, da realização de um novo certame para suprir a demanda e das providências adotados para o reconhecimento junto ao MEC, porém a instituição não foi clara quanto aos prazos para sanar os prejuízos sofridos pelos estudantes.


Confira a íntegra da Nota Oficial de Esclarecimento.


Esta reportagem foi produzida através da indicação de um leitor do ac24horas. Se você tiver uma denuncia, crítica ou sugestão, mande e-mail para a nossa redação: contato.ac24horas@gmail.com


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