Doador de órgãos denuncia falta de medicamentos

Paciente do Hospital das Clínicas (HC), que doou órgãos, denuncia a falta de medicamentos no Centro de Referência para Medicamentos (Creme), que fica no Bairro Bosque, em frente ao Laboratório Central (Lacen), em Rio Branco (AC). Ele reclama que o problema vem acontecendo constantemente, e os remédios são essenciais para a sobrevida dos transplantados.

Segundo levantamento do ac24horas, o medicamento utilizado pelos pacientes que fizeram transplante de órgãos, o micofenolato de sódio, não é comercializado nas farmácias da capital acreana. O medicamento é disponibilizado, exclusivamente, pelo Ministério da Saúde (MS).

Cada paciente que deixa de receber um medicamento na Farmácia do Estado vive uma espécie de drama pessoal. Isso porque os pacientes que recebe os transplantes precisam ingerir os remédios para o resto da vida, segundo explica David Júnior, que doou um dos rins para salvar a vida da tia, uma servidora pública de 57 anos. Segundo ele, “sem a medicação” a tia “corre o risco de perder o rim que foi doado, só porque não tem como comprar a medicação distribuída pela farmácia do estado”, afirma o funcionário público de 37 anos.

Júnior explica ainda que essa não é a primeira vez que o problema ocorre. O doador confirma que por diversas outras vezes a falta do medicamento foi informada a tia, e que ela fica muito preocupada, temendo perder o rim que recebeu do sobrinho. “Sabe quando você tem medo de perder algo muito precioso? Pois é… Minha tia fica assim. Eu fico ainda mais preocupado porque não posso fazer muita coisa. O que dá é para tornar isso público, mas e os outros que não podem fazer isso? Como eles ficam? Tem muita gente sem tomar essa medicação, e sem saber o que fazer”, lamenta o rapaz.

Bastante emocionado com a situação, Júnior faz um apelo e diz que o governo precisa dar “prioridade ao que realmente é um prioridade. O que não pode de jeito nenhum é faltar medicamentos tão importantes, sem justificativa, e quando as tem, não satisfazerem nossas necessidades, nossa preocupação”, destaca o doador.de um dos rins.

ATRASO NO REPASSE
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) confirmou que o micofenolato de sódio está em falta. O órgão explicou que o micofenolato de sódio é fornecido pelo Ministério da Saúde, e que pode ter havido certa dificuldade na entrega do produto. De acordo com a Secretaria, não há condições de acompanhar essa logística porque a entrega é responsabilidade exclusiva do Ministério.

Em contato com o Ministério da Saúde (MS), a reportagem foi informada de que o problema seria verificado e que, tão logo identificadas as causas, elas seriam informadas ao ac24horas. Mesmo assim, até as 13h40 [no horário do Acre] desta sexta-feira, a resposta ainda não havia sido encaminhada.

Ao usuário do sistema público de saúde, a Assessoria da Sesacre disse que “de acordo com o MS, a entrega do medicamento micofenolato de sódio de 180mg e 360mg [medicamento usado por pacientes que realizaram transplantes de órgãos] está previsto para sexta-feira, 16. Com isso, o atendimento aos pacientes será normalizado”, escreveu.