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Partidos em guerra por cargos

Por
Roberto Vaz

Brasília. Passada a definição dos nomes dos 39 ministérios, partidos aliados já iniciaram a disputa por cargos de segundo escalão distribuídos em autarquias, estatais e superintendências regionais que, juntos, têm capacidade de investimentos de R$ 105,7 bilhões para 2015.


O partido que deu início à guerra pelo segundo escalão e troca de controle das empresas foi o PP. A primeira fatia disputada pelos partidos está no Ministério da Integração Nacional, herdado pela legenda, e que tem forte atuação no Nordeste.


Por considerar que foi “rebaixado” no rearranjo das cadeiras ao ter perdido o Ministério das Cidades para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, o PP pleiteia agora a nomeação de todos os postos-chave dos órgãos vinculados à pasta, sem importar qual é a sigla que hoje os comanda.


O principal objeto de desejo é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O diretor geral Walter Gomes de Souza é apadrinhado do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).


O PP também pressiona para tirar a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) do arco de influência do PT e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) do PROS. Até 2013, a direção da Codevasf era cadeira cativa do PSB do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo, em agosto, durante a campanha eleitoral. Quando Campos rompeu com a presidente Dilma Rousseff, o agora ministro da Defesa, Jaques Wagner, reivindicou o direito de indicar os dirigentes da autarquia. E o fez, levando à presidente Dilma o nome do aliado Elmo Vaz de Matos.


O Banco do Nordeste (BNB) também deve entrar na compensação pelo “rebaixamento” do PP, conforme negociação entre a presidente da República e o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), fechada no mês passado quando foi decidido que o Ministério das Cidades passaria para o PSD. Nogueira deve apresentar o nome do indicado ainda este mês.


O atual presidente do banco, Nelson de Souza, é ligado ao PT do Piauí. “É natural que o PP indique os dirigentes dos órgãos ligados ao Ministério da Integração”, disse o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PE). Ele justificou o início da briga pelo segundo escalão assim: “O PMDB tem seis ministérios e o PSD tem as Cidades e o Ministério da Micro e Pequena Empresa”.


Petistas. O PT também briga pelo segundo escalão, em especial integrantes da corrente majoritária Construindo Um Novo Brasil (CNB), que afirmam ter perdido espaço para a minoritária Democracia Socialista (DS) na dança de cadeiras do primeiro escalão. Os alvos são estatais, como a Eletronorte, que tem orçamento de R$ 1 bilhão e hoje é comandada por Tito Cardoso de Oliveira Neto, ligado ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA).


O PR, reconduzido ao Transportes, quer controlar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Com orçamento de R$ 11,3 bilhões, a autarquia foi entregue a Tarcísio Gomes de Freitas, funcionário de carreira da Controladoria Geral da União (CGU) depois da saída do general Jorge Fraxe, este uma espécie de interventor depois do escândalo que tirou o então ministro Alfredo Nascimento da pasta, em 2011. O candidato mais forte do partido para o Dnit é o deputado Luciano Castro (RR), ex-líder na Câmara e derrotado na eleição para o Senado.


O PMDB, que neste ano teve sua cota ministerial aumentada de cinco para seis pastas, também já está de olho no segundo escalão. A primeira estatal a cair no campo de visão do partido foi a Embratur, hoje sob o comando de Vicente José de Lima Neto, ligado ao PCdoB. A empresa de tem orçamento de investimentos de R$ 170 milhões.


PMDB Planos. O PMDB quer manter a presidência da Transpetro e também faz planos para tomar a direção da Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Chesf) do PT de Pernambuco.


Disputa acirra divisões internas entre petistas São Paulo. Ao afastar do núcleo palaciano os ministros lulistas, Dilma Rousseff reacendeu no PT a velha disputa das correntes internas. Cada vez menos ideológicas e mais fisiológicas, as tradicionais tendências saíram a campo disparando “fogo amigo” contra a nova composição do governo. A queixa veio do grupo que sempre comandou a sigla e é encabeçado pelo ex-presidente Lula, a Construindo um Novo Brasil (CNB), que se ressentiu da opção de Dilma por dois ministros ligados à sua principal rival nas disputas internas, a Democracia Socialista (DS). Apesar do discurso de confronto de correntes feito “para fora” do partido com o objetivo de pressionar a presidente por mais cargos, internamente, passado o anúncio do ministério, os dirigentes petistas admitem que as divisões ideológicas estão cada vez mais enfraquecidas. Foi-se o tempo em que os petistas se debruçavam sobre longos debates acerca do socialismo e do papel do Estado.


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