Você já imaginou passar a virada de ano numa enfermaria de um hospital? Pois foi assim que mais de 90 acreanos assistiram a chegada de 2015. Enquanto milhares de pessoas comiam, bebiam e dançavam para festejar o novo ano, dezenas de pacientes internados no Hospital das Clínicas do Acre lutavam pela vida, nos vários setores da maior unidade de saúde do Estado.
A luta dos pacientes do HC contou com a solidariedade de mais de 80 profissionais da área de saúde, que ficaram de plantão para ajudá-los na recuperação de suas enfermidades. Nos corredores do hospital, o silêncio só era quebrado pelos passos apressados dos enfermeiros e médicos que estavam atentos aos horários da medicação de cada um dos enfermos.
A direção dos Hospital das Clínicas trabalhou para que alguns pacientes pudessem ter acesso a um tipo de “indulto” para passar o réveillon na companhia de familiares, retornando após as festividades para continuar o tratamento. O diretor do HC, Carlos Eduardo Alves informa que um programa foi elaborado para minimizar o sofrimento dos pacientes e de seus familiares.
“A escala de cirurgias foi alterada, só teremos procedimento se ocorrer alguma emergência. No dias 31, as pessoas do setor de nefrologia também estão liberados da hemodiálise, tudo sem prejuízos para o tratamento. O objetivo é humanizar os procedimentos para que os pacientes e seus familiares não sintam tanto o impacto de suas passagens no ambiente clínico”, destaca.
Apesar da gravidade do quadro clínico de alguns pacientes, a esperança é a acompanhante inseparável de quem buscam tratamento no HC. A agonia é esquecida quando eles falam de suas esperanças para o ano que se inicia. A magia que exerce a virada de ano, contagia de uma forma positiva, fazendo renascer planos e metas que não foram alcançados no ano que passou.
Percorrendo os corredores do HC, a reportagem de ac24horas pode conversar com pacientes que aceitaram falar de suas expectativas para 2015. A maioria elogia o acolhimento que recebeu no HC, o calor humano dos enfermeiros e médicos e a atenção no tratamento, mas a expectativa é uma só, todos sonham que o ano novo seja marcado pela cura de seus problemas de saúde.
Longe da festa pirotécnica do réveillon popular, um casal de idosos disse que preferia passar a virada do ano no HC. Sebastião Guedes, de 86 anos, que se recupera há 11 dias, de uma queda, acompanhado de sua esposa Joana Guedes, de 60 anos, diz que espera “o melhor, mas que este melhor venha com muita saúde. É melhor ficar aqui do que ir para casa e ter que voltar no outro dia”.
O aposentado Valter Cândido, de 65 anos, que sofre com problemas de próstata, reclama da demora do inicio do tratamento. Ele aproveita a oportunidade e manda um recado para as autoridades: “que os governos que vão entrar cuidem mais da saúde do povo. Quero que melhore para todos. Em primeiro lugar saúde, em segundo o trabalho. Tendo saúde, podemos lutar por outros objetivos”.
Mesmo tentando transmitir bom-humor em suas declarações sobre as expectativas para 2015, alguns pacientes ficam com os olhos marejados quando falam da ausência de familiares nas datas festivas. Eles afirmam que trocariam qualquer festa de réveillon, por algumas horas de atenção e carinho para suportarem o sofrimento do tratamento na unidade de saúde.
O barulho dos fogos é quase inaudível nos pavilhões do HC, mas é perceptível que os pacientes que permaneceram acordados para apreciar a chegada de 2015, agradecem as bênçãos divinas pela possibilidade entrar em mais um ano, com vida e disposição para lutar pela saúde. É difícil conter o choro, mas a satisfação dos pacientes que oram baixinho, serve como um alento para todo sofrimento.