Nota de Solidariedade também aos excluídos do Brasil

Nesses tempos de solidariedade quarada, permitam-me também prestar minhas honestas e manifestas crestas. Minhas, porque a sociedade acreana é heterogênea, plural, conflituosa e divergente ideologicamente, e não tenho o confessado direito de em nome dela falar.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação a difícil vida de seu Belém que, aos 72 anos, precisa passar o dia inteiro, andando pela cidade, empurrando um carrinho de picolé. Um corpo mastigado pelo tempo que mal consegue pagar o aluguel do quarteirão, a pinga do boteco e criar o neto com problemas mentais. Parece que no mês passado, enquanto entrava em um ônibus velho, maquiado e um pouco cheio demais, perdeu todo o seu salário para uma mão lisa e desonesta.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação a vexatória situação porque passa Dona Xiquinha, 76 anos, que há vários e vários dias madruga nos postos de saúde a procura de uma ficha para se consultar dos males que a vida lhe reservou. Parece que outras doenças já mostraram os dentes, devido a essas longas viagens infrutíferas que faz.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação a onda de violência, roubo, homicídio e assalto que assola a cidade. Os únicos que se sentem seguros são os automóveis, pois raramente terão motoristas embriagados. Parece que novos policiais serão contratados para protegê-los ainda mais.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação a falta de assistência jurídica do jovem pedreiro “neguinho” do taquari. Andou tomando uns pileques pra espantar a rotina, quando jogou uns kung fu com um companheiro seu que não conhecia e foi preso. Parece que o defensor incumbido da honrosa missão de defendê-lo tem outras dez mil missões nas suas costas.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação as obras de péssimas qualidades de muitos bairros da cidade. Três pingos de chuva são suficientes para abrir dezenove crateras no asfalto que não consegue cobrir uma gilete deitada. Parece que os gestores públicos já estão providenciando juntos às fábricas que adequem a lâmina de aço ao tamanho do descompromisso apresentado.

Em afinidade com o sentimento da sociedade acreana, repudiamos com veemência e indignação todas as mentiras, calúnias e boatos levantados contra a Putabras, seus dirigentes e aos políticos que gostavam de fazer uma visitinha lá. Tudo isso não passa de um golpe sujo da direita cristã americana e do Consenso de Washington, que tenta a todo custo acabar com o projeto popular dos populosos popudos. Parece que a Putabras, com a ajuda do MFPF Federal, encontrou abaixo do pré-sal um excelente Pré-sídio, para todos os que comprovadamente estiverem envolvidos nesse escândalo que trouxe tanto pré-juizo.