O dólar subia a R$ 2,66 nesta sexta-feira (12), renovando o maior patamar em quase 10 anos, devido a diversos fatores econômicos e até políticos, como apreensão dos investidores diante da queda dos preços do petróleo e o futuro do programa de intervenções do Banco Central no câmbio, de acordo com a agência Reuters.
Por volta das 13h25, o dólar subia 0,73%, a R$ 2,6670 na venda, após avançar 1,34% na véspera e fechar no maior nível desde abril de 2005. Veja cotação
O dólar desacelerou os ganhos após atingir as máximas do dia, com investidores ajustando os preços depois do amplo fortalecimento. “Você tem muitas interrogações no mundo e muitas interrogações no Brasil. Isso tudo preocupa o investidor e o deixa com pé atrás para investir aqui”, disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
No cenário externo, a derrocada dos preços do petróleo às mínimas em mais de cinco anos tem alimentado a aversão ao risco diante do cenário de menor atividade global.
Soma-se a isso a expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, elevará sua taxa básica de juros no ano que vem, o que deve atrair para a maior economia do mundo capitais aplicados em outros mercados, como o brasileiro.
Internamente, cresce a tensão em relação à possibilidade de o BC brasileiro diminuir sua atuação no câmbio no ano que vem. Atualmente, ela é feita por ofertas diárias de até 4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, e está marcada para durar até o fim deste ano. O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, tem dito que o atual estoque de swaps já dá conta da demanda por proteção cambial.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pela ração diária, com volume equivalente a 197,9 milhões de dólares. Foram vendidos 1,8 mil contratos para 1º de junho e 2,2 mil para 1º de setembro de 2015. O BC fará ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de janeiro, que equivalem a 9,827 bilhões de dólares, com oferta de até 10 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 45% do lote total.
Na noite passada, o BC anunciou para esta sessão dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra de até 2 bilhões de dólares. As ofertas ocorrerão entre 14h40 e 14h45 e entre 15h e 15h05. Na primeira etapa, a data de recompra será em 2 de abril de 2015 e, na segunda, 5 de maio de 2015.
Segundo analistas, embora a oferta temporária de liquidez traga algum alívio ao mercado, eram ofuscadas pelas dúvidas sobre o futuro da intervenção geral. A incerteza sobre quais ações a nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff adotará para enfrentar o contexto de inflação alta e crescimento baixo também pesava.
“Enquanto o governo não der as caras, o dólar vai seguir pressionado”, disse o gerente de derivativos da CGD Investimentos, Jayro Rezende.
Também não ajudam no humor dos mercados domésticos as denúncias em torno do suposto esquema de corrupção na Petrobras. Na véspera, executivos de seis das maiores empreiteiras do Brasil foram denunciados à Justiça, com o Ministério Público Federal (MPF) pedindo que as empresas façam o ressarcimento de R$ 1,186 bilhão.
“Você consegue medir risco de crédito, risco de contraparte, mas risco de imagem (do país) é difícil. Essa questão da Petrobras deixa o mercado realmente desanimado”, disse Rodrigues, do Banco Paulista.
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 1,34%, a R$ 2,6476. Na semana e no mês, há alta acumulada de 2,09% e 2,96%, respectivamente. No ano, a valorização é de 12,31%.
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