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Marcus Alexandre: “A tábua de salvação dos prefeitos acreanos está nas emendas parlamentares”

Talvez a entidade política mais democrática do Acre no momento seja a Associação dos Municípios do Acre (AMAC). A entidade tem conseguido tirar “leite de pedra” qualificando os projetos das prefeituras acreanas e orientando as gestões para manterem-se na adimplência, que as permite receber as verbas federais. Num Estado onde a política partidária tende ao radicalismo, a AMAC, consegue o que teoricamente pareceria ser impossível: manter-se como uma entidade absolutamente técnica e diplomática. Assim a contaminação ideológica passa ao largo da entidade permitindo que todas as prefeituras sejam beneficiadas na hora de elaborar projetos para acessar mais recursos.


Nesta semana, a AMAC encerrou as suas atividades de 2014. Pela sua importância conversei com os prefeitos dos dois maiores municípios do Acre, Marcus Alexandre (PT) de Rio Branco, também presidente da AMAC e, Vagner Sales (PMDB) de Cruzeiro do Sul. As conversas giraram em torno da importância técnica da entidade e a relação que será estabelecida com a nova bancada federal. Publicarei o material em dois capítulos.


A primeira entrevista que segue abaixo é com o prefeito Marcus Alexandre. Na próxima coluna o bate-papo será com o prefeito Vagner Sales. Vamos lá…


Nelson Liano Jr. – Prefeito Marcus Alexandre temos uma nova bancada federal acreana dividida entre a situação e a oposição. A gente sabe que as prefeituras do Acre dependem de emendas parlamentares. Como presidente da AMAC qual vai ser a relação com a bancada diante dos novos nomes que saíram das eleições de 2014?


Marcus Alexandre – Primeiro queria dizer que na reunião da bancada o coordenador, senador Petecão (PSD), convidou os eleitos e estiveram lá o Alan Rick (PRB), Angelim (PT), Léo Brito (PT) e o Gladson Cameli (PP), que é senador eleito. Quero dizer que a minha impressão foi muito positiva porque vi boa vontade dos parlamentares que estavam na reunião em nos ajudar. Ficou bem claro por parte dos prefeitos que a nossa tábua de salvação está nas emendas. Vi uma sintonia e desejo de colaboração para enfrentar os desafios. Um exemplo é a questão dos resíduos sólidos. Temos ainda 21 municípios que não têm os seus aterros controlados e uma solução para o lixo. Também debatemos investimentos necessários na área da saúde, educação, infraestrutura. A minha orientação na AMAC com a nossa equipe técnica e, também nas reuniões com os prefeitos, é que todos possamos nos juntar com a bancada federal e esquecer eleições e questões partidárias. Isso ficou para trás com o termino da eleição. Agora, é hora de colocar os interesses públicos acima dos individuais e cada prefeito tem feito isso. Cabe à AMAC dar suporte para que os projetos sejam bem elaborados e a gente tenha um resultado positivo.


NL- A gente tem dois casos na bancada emblemáticos no sentido político. De um lado temos o deputado federal eleito Major Rocha (PSDB) que é oposicionista radical e do outro um deputado federal eleito Léo Brito(PT) que é um petista orgânico. Temos ainda prefeitos de situação ligados a FPA e outros de oposição. O senhor acha que esse dois extremos vão se entender? O senhor acha possível amenizar essas diferenças ideológicas?


MA- Acredito muito no diálogo e acho que com o tempo, por afinidades naturais, os parlamentares da bancada acabam ajudando mais os prefeitos que estão ao seu lado do ponto de vista político. É natural que isso aconteça. A gente vê, por exemplo, que o prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales (PMDB) tem tido um apoio grande dos parlamentares de oposição. Agora, quero frisar que a bancada de oposição não deixou de ajudar Rio Branco. Quando a gente procurou e pediu fomos atendidos. Mesmo que não tenha sido na mesma proporção que as prefeituras de oposição. Mas cada parlamentar vai estabelecer o perfil do seu mandato. Não sei como vai ser a atuação do deputado Rocha. Mas espero que ele seja um deputado que represente o Acre no Congresso e possa ajudar todas as prefeituras que o procurarem. Eu fiz um documento para todos os deputados que estão no mandato e recebi o compromisso de praticamente todos de ajudar Rio Branco. Já recebi ligação do Márcio Bittar (PSDB) dizendo que vai ajudar, me reuni com o Flaviano Melo (PMDB), tive audiência com o Henrique Afonso (PV) e, uma conversa om o Gladson Cameli (PP). Agora é hora de trabalhar. Os parlamentares devem olhar as prefeituras independente das cores partidárias. É o que a gente espera da boa política. Mas acredito que no andamento do ano as afinidades acabam tendo poder de decisão dos investimentos que os parlamentares colocam. Isso é da política. Temos que seguir em frente com cada prefeito buscando o melhor para o seu município e, a AMAC, tem que apoiar a todos.


NL – Acho a AMAC muito importante para o Acre, inclusive, para a questão política, diplomática e das gestões das prefeituras que na minha avaliação são as mais complicadas. Qual a avaliação do senhor como presidente da AMAC do ano de 2014 e já pode dar uma dica do que poderá ser o próximo ano?


MA- A minha avaliação é positiva. A AMAC cumpriu a sua missão de dar suporte técnico aos municípios. Conseguimos elaborar os projetos e viabilizá-los em Brasília para que fossem aprovados, principalmente, junto ao Calha Norte, Ministério da Saúde e outros. Fizemos o acompanhamento e o retorno aos prefeitos. Tivemos um esforço concentrado no início do ano pelas emendas impositivas e conseguimos vencer essa etapa de elaborar e apresentar os projetos em Brasília. Claro que a AMAC não faz o papel político porque isso cabe a cada prefeito. Mas garantimos o suporte dos projetos. Passamos um ano difícil com alagação em vários municípios e tivemos que superar. Brigamos muito pela adimplência das administrações com prefeituras entrando e saindo, mas com a assistência da AMAC todo o tempo. Tivemos as eleições e a AMAC, combinada com todos os prefeitos, se reservou ao seu papel técnico. Por exemplo, não fizemos caravanas pelos municípios como sempre acontece no verão porque coincidia com o período eleitoral. Achei um gesto de grandeza de todos os prefeitos porque conseguimos preservar a instituição da contaminação eleitoral que não é o papel da AMAC. Recentemente tivemos a visita do Calha Norte em Rio Branco que elogiou muito a nossa instituição e a maneira séria como trabalhamos e no próximo ano vamos continuar assim. Nós vamos ter em breve eleições para a nova diretoria que assumirá o próximo biênio e vamos conduzir isso da melhor maneira possível colocando sempre os interesses dos municípios acima dos interesses partidários


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