Prosseguindo a série de entrevistas com os principais lideres de partidos que fazem oposição à Frente Popular do Acre (FPA), coligação capitaneada pelo PT e pelos irmão Jorge e Sebastião Viana, que controlam o governo do Acre há 16 anos, ac24horas ouviu o ex-prefeito de Acrelândia, Tião Bocalom. Ele rebate com veemência as declarações prestadas pelo governador do Acre, Sebastião Viana (PT), que durante entrevista com temas livres, concedida ao jornal ac24horas, fez duras críticas e acusações de corrupção eleitoral contra partidos e políticos oposicionistas, nas eleições deste ano, no Estado.
Abalado com a doença grave que esposa Bethe Bocalom enfrenta, o presidente do Democratas (DEM) recebeu a reportagem às vésperas de mais uma viagem que fará para tentar amenizar os efeitos da doença degenerativa contraída pela companheira. Com o semblante abatido, Bocalom rechaçou todas as acusações feitas pelo governador petista. O candidato derrotado no primeiro turno (foi o terceiro colocado com 76.218 votos) reafirmou as denúncias contra Viana, não deixando de contrapor as afirmações e acusações do governador reeleito pela Frente Popular, em segundo turno.
Sobre a acusação de Viana do desvio de R$ 300 mil feita por Bocalom, o democrata disse que o petista deveria fazer a denúncia formalmente, mostrando as provas do suposto crime. “Quem é acostumado a fazer maracutaia, sempre estará tentando jogar sujeira para cima dos outros. Este episódio que ele se refere nunca aconteceu. Este tipo de coisa é prática de quem age em cima de fofocas de sua turma de bajuladores. Baseado nesta entrevista, eu vou interpela-lo judicialmente para ele provar que isso aconteceu. Não vamos admitir que a mentira de uma administração acusada de corrupção vire uma verdade inquestionável para o povo”, diz Bocalom
Segundo o ex-prefeito de Acrelância, a campanha que ele realizou, juntamente com PMN e PV, foi sem grande volume de recursos. “Nossa campanha foi muito pobre, sem dinheiro para nada. Nunca tivemos R$ 300 mil na conta. Se ele (Sebastião) é sujo, não vai me sujar no lamaçal de corrupção que enveredou com os demais partidos de sua coligação. Ele sim, montou esquema de compra votos. Minhas eleições sempre foram tranquilas e limpas. Sempre restam contas que não conseguimos pagar durante a campanha, vocês mesmo noticiaram isso. Não tivemos dinheiro nem para tocar a campanha, como vamos comprar votos?”
Bocalom discorda de Sebastião no quesito renovação. Para ele, a oposição revelou novos nomes, enquanto o PT só conseguiu inserir o prefeito de Rio Branco, Marcus Viana, no contexto político. “Nós apresentamos diversas lideranças novas. Um exemplo é o Roberto Duarte, que disputou estas eleições, o deputado Antônio Pedro (DEM), de Xapuri, os deputados federais Major Rocha e Jéssica Sales. Eles apenas trouxeram o Marcus Alexandre para dentro do projeto. Em todas as eleições, nós trazemos lideranças novas, mas nós não temos o poderio financeiro e político partidário em função da máquina pública”.
O oposicionista disse que quem engrossa as fileiras da FPA são dissidentes da oposição que buscam realizações nos cargos comissionados. “Só fica na oposição pra valer é quem não tem projeto individual. É aquele que defende a alternância de poder. Neste segundo turno, eles levaram lideranças que vão por causa dos cargos públicos e pelo dinheiro. Boa parte destas pessoas me confidenciou que foi porque buscavam vantagens. Eles deixaram claro que o negócio deles era o poder, eles afirmaram: vamos buscar o que é nosso. Quem tem consciência de que tem que haver uma mudança, permanece na oposição”, destaca Bocalom.
O democrata repercutiu as acusações de Sebastião. O petista insinuou que a Operação G7 da PF teria sido armada pela oposição. “Até onde eu sei quem armou o G7 foram eles. Ninguém fica preso 48 dias, se não tem culpa no cartório. Se o juiz mandou prender o sobrinho do governador é porque tinha coisas erradas. Tem uma quantidade enorme de coisas erradas neste Estado, que ainda não vieram à tona. Acredito que a Polícia Federal, o Judiciário e Ministério Público federal (MPF) são instituições isentas de manipulação de qualquer grupo político”.
Tião Bocalom voltou a afirmar que as administrações petistas quebraram o fundo previdenciário dos servidores. “Quebraram o fundo e não tem desculpa. Os governos do PT passaram seis anos sem depositar. Agora vem as correções que têm que ser feitas. A dívida está em R$ 8,8 bilhões. Não adianta tentar enganar o povo, dizendo que esta dívida é para daqui a 29 anos. Eles sim, quebraram o Acre. Os contratos do governo também são imorais. Sebastião contratou a PRI para fiscalizar as obras do Ruas do Povo, por R$ 24,8 milhões – para 22 meses de trabalho. Uma estrutura pequena que custa mais de R$ 1 milhão por mês”.
Bocalom finaliza destacando que a oposição e seus candidatos saíram fortalecidos da disputa eleitoral de 2014. “Não tenho dúvidas que a unidade foi selada. De minha parte, ela continuará muito viva. Nós provamos que o discurso que eles usam que a oposição não se une, caiu definitivamente por terra. Márcio Bittar vai continuar forte, Gladson Cameli é um grande nome da oposição, Vagner Sales justificou o apelido de Leão do Juruá, Major Rocha provou mais do que nunca, que é um oposicionista de respeito, ele venceu todas as dificuldades impostas pela força da máquina. Esta é a verdadeira oposição”.