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Especialista afirmam mais agressividade e polarização nas redes sociais

As eleições de 2014 têm colocado as redes sociais em polvorosa. São milhares de compartilhamentos de reportagens, imagens, frases e memes (conceito transmitido através de uma imagem ou frase, pelas redes sociais) mencionando os nomes dos candidatos, para o bem ou para o mal. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 2013, metade dos brasileiros teve acesso à internet, segundo parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita no mesmo ano. Isso significa que aproximadamente 86,7 milhões de pessoas fizeram uso das redes sociais durante o ano passado.


Agora em 2014, ano de eleições no Brasil, o movimento na rede parece ter aumentado. O uso exacerbado do Facebook, Twitter, entre outras redes sociais, durante o momento político mais importante para o país, já havia sido anunciado e esperado por especialistas. Viktor Chagas, professor do departamento de Estudos Culturais em Mídia da Universidade Federal Fluminense, aponta que a cena política tem estado presente com muito mais intensidade nas discussões, durante este ano e, segundo ele, desde as manifestações de junho do ano passado.


Para ele, o uso de imagens carregadas de humor – ás vezes, ácido – teve destaque na discussão política. “Temos acompanhado um debate político nessa produção e isso acaba ajudando a moldar a imagem dos candidatos. Desde as eleições de 2010 a gente percebe uma apropriação dos candidatos sobre essa produção, como o perfil da Dilma Bolada. Esse ano temos, como exemplo, o Eduardo Jorge que durante a campanha acabou incorporando a produção de memes à sua campanha”, destaca.


Segundo o professor, os candidatos têm tentado adaptar o discurso da internet como uma forma de estratégia de campanha, respondendo e detectando o que está circulando sobre as suas “personas” na rede. “É um embate entre a estratégia de campanha e a opinião pública, manifestada através desse compartilhamento de imagens. O que é novo nessa eleição é que as pessoas têm que responder essa produção. De certa forma o humor é um artifício para que certas discussões venham à tona. A estratégia dos candidatos é saber lidar com isso”, explica Chagas. “Estamos vendo uma campanha de corpo a corpo, só que na internet”, acrescenta.


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Contudo, o professor da UFF destaca que a internet, mesmo com toda a sua efervescência, ainda é um espaço desconhecido para os estrategistas políticos. “Não existe uma fórmula pronta. A internet ainda é um terreno de experimentação. A cada momento, uma estratégia diferente, desde os candidatos que tentam incluir um pouco do cotidiano em suas campanhas, como aqueles que fazendo uma campanha mais aguerrida, através do apoio de grupos sociais”.


“O ideal para esses candidatos é que eles não sejam engolfados pela manifestação popular. Foi o que aconteceu com o Serra nas eleições de 2010. Os memes ajudaram a cunhar que ele  um político defasado com ideias conservadoras ,um cara meio fora de moda”. Aponta chagas, que afirma que a melhor postura dos candidatos frente aos memes criados na rede é reagir a tempo.


Assim como Chagas, Luiz Fernando Moncau, pesquisador-gestor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas, concorda que os políticos estão cada vez mais atentos ao que se compartilha nas rede sociais. Para o pesquisador, a campanha on-line dos candidatos ainda não é, em sua maioria, sofisticada. “Houve algumas cenas nada memoráveis nas redes sociais com candidatos adotando algumas práticas características de quem quer mais audiência, deixando de lado as discussões de propostas. O que não é muito diferente do que a que vemos na TV”.


Contudo, Moncau aponta que algumas iniciativas de alguns candidatos foram promissoras e destaca que ainda estamos vendo um processo de adaptação. Os candidatos ainda estão aprendendo a lidar com as redes sociais.  “Em relação aos que os candidatos falam a gente percebe não só mais cautela, mas algum tipo de atenção diferenciada. O candidato tenta prever no discurso aquilo que ele vai falar e o que vai influenciar nas redes sociais”.


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