“Temos que rezar para não chover”, diz o desembargador e presidente em exercício do Tribunal Regional Eleitoral do Acre, Samoel Evangelista, garantindo que está tudo pronto para a realização das eleições de Segundo Turno no Acre no próximo dia 26.
Em uma logística em que se tem de pensar em tudo, desde o transporte aéreo, fluvial e rodoviário, o fator tempo pode ser o diferencial. Qualquer falha pode comprometer o processo de apuração, principalmente no Acre, que possui 70 regiões de difícil acesso que concentram 100 seções eleitorais em aldeias, seringais e comunidades rurais nos municípios de Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus, Tarauacá, Assis Brasil, Cruzeiro do Sul, Porto Walter e Rodrigues Alves.
Nesses locais, equipes formadas por juízes, promotores e militares são enviadas de avião, em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e ficam sem comunicação com a base das eleições. No ocidente brasileiro ficam as comunidades de Foz do Breu e Aldeia Cruzeirinho. A cidade mais próxima fica a dez horas de barco, Marechal Thaumaturgo. As localidades atendidas pela FAB possuem aproximadamente cinco mil eleitores.
“Eles saem com a missão de resolverem tudo por lá. Fazer eleição na Amazônia não é tarefa das mais fáceis e esse desafio é maior quando a composição do Tribunal é de uma Justiça que eu chamo de emprestada. Contamos com a grande maioria de servidores requisitados de outras instituições, mas no final dá tudo certo”, diz Samoel.
Evangelista, que preside a Comissão Apuradora das Eleições 2014, afirma que no primeiro turno, o alívio de todos os profissionais envolvidos nas eleições só veio por volta das 19h29 do dia 5 de outubro, quando os técnicos do TRE-AC, que estavam em Três Cachoeiras, região da Tribo Jaminawá, fronteira com o Peru, em Assis Brasil, conseguiram transmitir via satélite, os dados da votação. “Era a certeza de que todo o planejamento daria certo” acrescentou o desembargador.
O dia atípico da eleição no primeiro turno – com sol e sem chuvas nos dois maiores colégios eleitorais: Rio Branco e Cruzeiro do Sul – foi apontado como fator favorável para a menor abstenção já registrada nos últimos anos. Cerca de de 87 mil eleitores deixaram de votar.
Apesar da identificação de atrasos nas seções de votação por conta principalmente do processo biométrico, Samoel destaca que no universo de 300 mil eleitores, 8 mil não foram identificados. O índice de 95,8% de reconhecimento foi o segundo melhor do Brasil.
“Mas não estamos satisfeitos, vamos fazer treinamentos com mesários das seções que tiveram maiores atrasos com o objetivo de diminuir as tensões no próximo domingo, porém é bom deixar bem claro que a biometria não tem como foco a agilidade do processo de votação, mas sim, a segurança do voto”, afirmou o mandatário do TRE no Acre.
Outros gargalos relacionados ao transporte na zona rural, que concentra 229 seções em todo o Estado, também estão sendo cuidadosamente planejados pelo órgão. O tempo de retorno do eleitor para a zona rural foi a maior reclamação no primeiro turno, com direito a protesto que fechou a Rodovia Estadual Transacreana.
“A comissão de transportes já se reuniu para rever esse que foi o maior problema do primeiro turno relacionado à zona rural”, acrescentou Samoel.
A dispensa de assinatura também será regra para o Segundo Turno nos municípios onde funciona a biometria. Para 2016, o Tribunal vai determinar a criação de novas seções eleitorais em Rio Branco, todas com média de 300 eleitores.
O VOTO NO DIA DA ELEIÇÃO – O grande desafio da Justiça Eleitoral para o próximo domingo será de convencimento do eleitor para ir às urnas. Sem uma relação mais estreita entre o eleitor e os candidatos proporcionais, a Justiça teme pelo aumento da abstenção.
“A relação candidato/eleitor é mais distante no Segundo Turno”, disse.