“O Acre depende dos recursos dos deputados federais”

Um dos mais tradicionais políticos do Acre concorre a mais uma eleição. Graças a experiência de quem já ocupou os principais cargos eletivos do Estado, governador, senador, prefeito da Capital e deputado federal, Flaviano Melo (PMDB) se tornou uma espécie de guru das oposições. Na reta final da campanha o deputado federal conversou sobre os temas mais polêmicos da política do momento.

Raio X da eleição no Acre

Indagado como está avaliando o atual pleito, Flaviano resumiu o seu ponto de vista.

“Acho que durante essa eleição, sobretudo, na parte majoritária já temos uma grande revelação que é o candidato ao Senado Gladson Cameli (PP). Já na disputa para o Governo as oposições estão se colocando muito bem. Os candidatos estão tendo bons desempenhos e acho que chegou a hora do PT sair,” avaliou.

O fenômeno Marina

Em relação a acreana Marina Silva (PSB) que concorre com chances de vitória ao Planalto, Flaviano considera ela uma novidade no plano nacional.

“A Marina já tinha um porcentual de intenções de votos alto antes de começar a campanha, mesmo sendo vice do Eduardo Campos (PSB). Com a tragédia que aconteceu, ela foi para níveis ainda maiores. Um verdadeiro fenômeno. Mas quero ressaltar que se essa recuperação do Aécio Neves (PSDB), que os institutos de pesquisa estão mostrando, não for fogo de palha pode embolar para saber quem vai para o segundo turno. O quadro atual é de três candidatos disputando para ver qual deles passarão para o segundo turno,” disse ele.

A luta por uma vaga na bancada federal acreana

Tradicionalmente a eleição no Acre para deputado federal sempre é muito difícil. Afinal são apenas oito vagas. Flaviano Melo busca o seu terceiro mandato. Ele avalia a importância da atuação de um parlamentar federal para o Estado.

“Não podemos esquecer que o Acre é carente, não tem uma economia forte e o desemprego cresce assustadoramente. Por isso, a grande demanda para os deputados federais é dinheiro para que se possa fazer alguma coisa. Como a parte mais fragilizada são as prefeituras, os prefeitos não vivem sem o dinheiro que destinamos. Por isso, temos que colocar emendas para os municípios sem discriminação partidária, como tenho feito. É preciso também ter prestígio para conseguir liberar os recursos em Brasília. Graças a Deus, tenho conseguido liberar rigorosamente todas as minhas emendas. Mas infelizmente tem recursos que voltam pela incompetência de prefeitos que não sabem gastar o dinheiro. Isso já aconteceu em Porto Acre com o prefeito Zé Maria do PT,” ressaltou.

Democracia

Outro ponto que Flaviano gosta de frisar da sua atuação parlamentar é a capacidade de dialogar com a população para saber das suas demandas.

“Sou um democrata. E o maior exemplo foi quando consegui aprovar o Referendo do Horário contra a vontade do PT. O povo votou e o horário voltou. Tenho outros projetos caminhando como o da odontologia no trabalho que vai garantir o tratamento dentário para os trabalhadores e gerar emprego para os dentistas. Temos que apoiar todas as PECs que atendem os deficientes físicos, os idosos e as categorias mais desprivilegiadas como os enfermeiros, os militares e aposentados. Luto por essas causas sociais porque há um desinteresse do Governo em aprovar esses projetos. Como deputado federal tenho que atender as demandas dos mais necessitados,” argumentou.

Recursos garantidos às prefeituras

Outra conquista importante de Flaviano no Congresso Nacional foi das emendas parlamentares impositivas.

“Quero lembrar que a PEC que tornou as emendas parlamentares impositivas é de minha autoria. Claro que depois surgiram outros projetos que foram se somando para a atual lei.  Graças a essa PEC o Orçamento que será votado daqui pra frente terá que liberar os recursos indicados por deputados federais e senadores. Isso é uma ajuda fundamental às prefeituras,” revelou.

O papel do PMDB

No momento em que se discute a governabilidade do país, Flaviano que preside o PMDB do Acre avaliou as perspectivas de futuro do seu partido no plano nacional.

“O PMDB vai continuar a ter importância que sempre teve. Ganhando o Michel Temer (PMDB), como vice presidente ou qualquer um dos outros candidatos o PMDB será importante. Ninguém governa a nação sem o PMDB. A base parlamentar e a experiência do nosso partido não se pode jogar fora. O PMDB vai sair dessas eleições com uma grande bancada e continuará a dar as cartas seja quem for o novo presidente. Mas com certeza na próxima eleição teremos candidato próprio a presidente,” afiançou.

Lembranças do passado

Questionado sobre o andamento da sua atual campanha, Flaviano respondeu com história da sua família.

“A minha campanha é feita por amigos. Quando meu pai, o Raimundo Melo, fazia campanha eu o indagava dizendo: ‘pai eu não vejo os seus cabos eleitorais, não tem ninguém fazendo barulho por ti.’ E ele me respondia: ‘meu filho, os meus cabos eleitorais são os meus eleitores que pedem voto pra mim’. Ele nunca subiu num palanque pra pedir votos e, naquela época, não havia a televisão. Levando em conta a modernidade a gente tem que ter o programa de televisão para o povo ver, um carro tocando o nosso jingle para o povo saber e umas plaquinhas. Faço do mesmo jeito que que meu pai. Tenho visto os meus eleitores pedindo votos pra mim. Alguns chegam dizendo que já são a terceira geração que votam em mim. Eles me dizem que votar em Flaviano é uma ideologia. Alguns avôs não admitem alguém na família não votar no Flaviano. Participo de reuniões com pouca gente, mas que vai se multiplicando,” finalizou.