Com o advento das novas tecnologias da comunicação, que ajudaram a tornar global a aldeia prevista nos anos de 1960 pelo canadense Herbert Marshall McLuhan, o conceito de distância ganhou o status de relativo. É que embora o espaço físico ainda seja uma realidade, a gente pode acompanhar ali na bucha tudo o que acontece a milhares de quilômetros.
É o meu caso neste fim de semana que recém passou. Viajei na tarde de sábado para Foz do Iguaçu, no Paraná. Passei, portanto, de uma fronteira a outra: da Bolívia e do Peru para a da Argentina e do Paraguai. Viajei para participar do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Mas, ainda assim, não deixei de acompanhar em tempo real o futebol acreano.
E assim, pelas ondas invisíveis da internet, fiquei sabendo que a Associação de Militares e Amigos de Xapuri, popularmente conhecida por Amax, de um grande “X” azul no peito, é a mais nova integrante da elite do “futebol seringueiro”. Condição que ganhou ao bater o tradicionalíssimo Independência Futebol Clube, na final do campeonato da segunda divisão.
Independente do que eu não vi da partida finalíssima, penso que a ascensão da Amax tem no seu bojo o poder de colocar o futebol de cidade de Xapuri em um lugar onde ele sempre deveria ter estado. Afinal, além de berço da revolução acreana, a cidade, em tempos outros, sempre foi tida como o lugar do nascedouro de uma infinidade de ótimos jogadores.
Nos anos de 1970, então, quando Xapuri foi dirigida politicamente pelo economista Ivonaldo Portela da Costa, fizeram história os times de cidade, bem como sua seleção. As atividades esportivas marcaram a vida da chamada Princesinha do Acre. E os “poderosos times da capital” que excursionavam por lá dificilmente cantavam vitórias na viagem de volta.
Sem falar dos muitos filhos da terra de Chico Mendes que foram levados para brilhar em outras paragens. Casos – citando nomes que me vem à cabeça enquanto escrevo – dos zagueiros Mário Mota e Curica, do meio campista Hélio Fiesca, e dos atacantes Julinho, Jerico e Mirim. Todos de singular trato com a bola, grandes artistas das nossas tardes de domingo.
O Curica, só pra vocês mais jovens terem uma ideia, figura nas listas de muita gente como o melhor da sua posição do futebol acreano em todos os tempos. Um zagueiro que dificilmente dava um chutão a esmo ou no rumo do mato. E o Mário Mota, simplesmente foi um dos raríssimos zagueiros do país a ganhar o troféu Belfort Duarte. Uma rara façanha!
Além do mais, com essa conquista da Amax, o campeonato acreano se torna ainda mais “estadual”. Em 2015, das oito equipes que disputarão o certame, a metade virá do interior: Amax (Xapuri), Plácido de Castro (da cidade do mesmo nome), Alto Acre (Epitaciolândia) e Náuas (Cruzeiro do Sul). Vida longa e sucesso à Amax na primeira divisão. Salve, Xapuri!