Um tsunami chamado Marina – “A boia de salvação do Márcio Bittar furou com a queda de Aécio”, diz Jorge Viana

O crescimento da candidata à Presidência da República, Marina Silva (PSB), não é surpresa para o senador Jorge Viana (PT-AC). Um dia após a morte de Eduardo Campos, vítima de um acidente aéreo na cidade de Santos, em São Paulo, Viana já previa mudanças drásticas no cenário políticos nacional, com reflexos também na disputa política que se avizinha no Estado do Acre.

Questionado sobre os números de pesquisas eleitorais no Acre, Jorge Viana destacou que as pesquisas podem não refletir no resultado final das eleições, dando como exemplo a polarização entre o PT e PSDB na disputa pela Presidência da República, que diante da tragédia que tirou a vida de Eduardo Campos, poderia sofrer alterações pela comoção popular.

No dia 14 de agosto, de forma serena, o senador acreano concedeu entrevista ao ac24horas. Entre os assuntos, o possível crescimento de Marina Silva. Jorge Viana declarou: “Eleições e cenários políticos só mudam com fatos novos. Nós temos um lamentável fato novo. Certamente mudanças vão ocorrer em decorrência da saída de Campos, do cenário eleitoral”.

Jorge Viana não é nenhum vidente, mas ele estava certo, quanto ao crescimento de Marina Silva, que começa a ameaçar a candidatura de Dilma Rousseff (PT), candidata que Viana coordena a campanha no Acre. Na primeira sondagem do Datafolha, Marina saiu de 9% para 21%. Na segunda pesquisa do instituto, a ex-seringueira alcançou 34% – empatando com a petista Dilma.

O senador petista evita falar de favoritismo de Marina Silva. Para ele, a ex-senadora começou a ser cobrada em alguns pontos que se tornaram contraditórios com suas propostas originais. Jorge Viana acredita que a próxima rodada de pesquisas poderá sinalizar com os nomes dos dois candidatos que farão uma disputa direta pelo comando dos destinos do país.

“Para quem queria uma disputa quente, agora tem. O Acre está bem no meio do furacão. O crescimento de Marina está sangrando a candidatura do PSDB em nível nacional e atinge fortemente os candidatos de oposição no Acre. É ruim porque divide um lado da Frente Popular, mas não causa dano à caminhada de Tião Viana, que está muito forte”, diz Jorge Viana.

Segundo Jorge Viana, o fenômeno Marina é prejudicial aos candidatos de oposição, Tião Bocalom (DEM) e Márcio Bittar (PSDB). “O Aécio esteve no Acre, mas nada conseguiu alterar. A candidatura de Márcio não decolou. A boia de salvação do Márcio Bittar furou com a queda de Aécio. A Marina muda o cenário nacional, no Acre, afunda os candidatos apoiados pelo PSDB”, enfatiza.

O coordenador de campanha de Dilma falou ainda sobre as estratégias para tentar manter a petista na liderança das pesquisas. “Estávamos trabalhando para Dilma ser a mais votada. Por conta do trabalho feito, temos uma posição bem confortável. Marina vem crescendo, mas os próximos passos da campanha poderão ser decisivos. As cobranças começaram”, finaliza Jorge Viana.

O candidato ao governo do Acre, Tião Bocalom (DEM) discorda do posicionamento de Jorge Viana. Para o democrata, seu nome e o de Bittar é que são conhecidos no Acre. “Outro detalhe: o número que Aécio Neves carrega é o de Márcio Bittar, mesmo assim não acredito que uma coisa interfira na outra. O Jorge Viana ganhou o governo na época que FHC ganhou. Isso interferiu?”, questiona.

Bocalom afirma ainda que ele e Bittar é quem carregam e sustentam a candidatura de Aécio Neves no Acre. “Já ouvi muita gente dizer que vota em mim, mas vai votar na Marina. Tanto a candidatura de Márcio, quanto a minha são conhecidas. Não é o presidente quem carrega nossa candidatura, mas nós que carregamos a candidatura de Aécio Neves, pode ter certeza disso”, destaca.

A reportagem tentou falar com o candidato Márcio Bittar, através do número (68) 9912-4*0* – para que ele também apresentasse sua opinião sobre o crescimento de Marina e a queda de Aécio, se a questão interfere no cenário político local, mas o líder tucano não atendeu nem retornou as ligações até o fechamento da reportagem.