Memória viva da transição da ditadura à democracia no Acre, Ariosto Migueis lembra, com exatidão singular, os últimos 50 anos da história política acriana. Ex-preso político, ele é o convidado de honra da primeira atividade do projeto de extensão intitulado “Autoritarismo e o Golpe militar: 50 anos depois”. A palestra, que trará ao anfiteatro Garibaldi Brasil os bastidores e meandros da política, dos movimentos sociais e do autoritarismo no Acre nos anos de 1960, ocorre nesta quarta-feira, 3, a partir das 15h, no campus de Rio Branco da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O envolvimento de Ariosto com a política local surgiu ainda na juventude. Aos 14 anos, ele militava a favor do socialismo no Brasil. Dez anos depois se via envolto no processo que culminaria na eleição de José Augusto de Araújo, primeiro governador do Acre eleito através de voto popular. Prefeito de Plácido de Castro e, posteriormente, delegado da Superintendência da Reforma Agrária (Supra), o ativista de atuais 79 anos desenhava ali o futuro que culminaria na sua prisão, imediatamente após o regime ditatorial militar, instituído no Brasil em março de 1964.
“Eu dormi tranquilamente naquela noite de 31 de março e acordei no dia 1º já com a notícia do golpe. Eu sabia que seria preso, por toda a minha trajetória de envolvimento com a política de esquerda, então eu passei a tramar a minha fuga”, confessa Migueis, que acabou preso, cinco dias depois, dentro da embarcação que o levaria direto para a Bolívia. Responsável pela fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Branco, em fevereiro daquele mesmo ano, Ariosto, além de amigo pessoal, transformara-se em braço direito do já governador José Augusto, em quem os militares tinham interesse. Foram 50 dias de prisão.
“Eles queriam que eu denunciasse o José Augusto. Eles sabiam que nós trabalhávamos no empoderamento e até armamento dos ribeirinhos para uma contrarrevolução. A pressão psicológica foi imensa”, recorda Migueis, que também não escapou à tortura física. “Já no primeiro dia de prisão tinha uma palmatória e uma coroa de arame farpado. A coroa não chegou a ser usada, mas de uns bolinhos a gente não escapou”, diz, entre risos, prometendo detalhar todas as vivências da época durante a palestra. “Foi um período duro que não dá pra esquecer. Vou falar sobre tudo nessa palestra.”
Projeto
O projeto de extensão “Autoritarismo e o Golpe militar: 50 anos depois. Memórias, história e ensino de história” é de autoria do professor doutor Francisco Bento da Silva, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Ufac. O objetivo é ampliar uma maior reflexão sobre o tema.
“Mesmo no campo acadêmico, na historiografia e nas ciências sociais, há pouca produção; a ideia é promover esse debate e inserir o Acre nesse contexto, já que, quando se fala de ditadura, tem-se a polarização no eixo São Paulo-Rio de Janeiro”, justifica o professor. Além de roda de palestras, o projeto de extensão prevê mostra de filmes temáticos dentro e fora da universidade.
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