Desde que se encerrou o debate na TV Juruá na tarde de sexta, dia 29, de quase três horas, entre os quatro candidatos ao Governo do Acre tenho escutado sempre a mesma pergunta: “ O quê aconteceu nos bastidores entre Tião Viana (PT) e Márcio Bittar (PSDB)?” Como fui o mediador do programa estava evitando falar no assunto por questões éticas. Mas como o “caso” pode virar boataria e dar margem a mentiras daquilo que não aconteceu resolvi esclarecer o assunto. Eu estava exatamente entre os dois candidatos. Márcio Bittar saiu do seu lugar e foi dar a mão para Tião Viana. O candidato à reeleição negou o cumprimento. Bittar reagiu dizendo que aquilo era uma “palhaçada”. Por sua vez Viana afirmou que não cumprimentaria Bittar porque ele teria ofendido a sua honra e da sua família. Na sequência houve uma troca de insultos entre os dois impublicáveis. O “caso” terminou com Tião Viana dizendo “vamos pro debate”. Isso aconteceu mais ou menos cinco minutos antes do programa entrar no ar. Da minha parte procurei acalmar os ânimos. Durante todo o restante do tempo dentro do estúdio não houve mais nada entre os candidatos que se portaram de maneira exemplar, tanto, que não houve nenhum direito de resposta.
Quem decide é a audiência
Outra pergunta que me fizeram com insistência foi quem se saiu melhor no debate. Fica difícil para um mediador avaliar a performance dos candidatos. A minha concentração estava em cumprir as regras e manter a harmonia dentro do estúdio.
Sucesso
Mas uma coisa tenho certeza: o debate foi um sucesso. Pouca gente acreditava que os quatro candidatos Bocalom (DEM), Antônio Rocha (PSOL), Tião Viana e Márcio Bittar realmente fossem para Cruzeiro do Sul para participar do programa. E quem assistiu gostou.
Surpreendente
Tião Viana deixou de cumprir agenda com a ministra de Direitos Humanos Ideli Salvatti, em Rio Branco, para participar do debate em Cruzeiro do Sul. Isso mostra que está disposto a enfrentar diante das câmeras os seus adversários na corrida pelo Governo.
Repercussão estadual
Graças a parceria do ac24horas que transmitiu pela web, milhares de pessoas em todos os municípios acreanos puderam ver o debate. Teve momento do site receber 59 mil visitantes por minuto durante a transmissão. Uma vitória da democracia.
Sem defesa?
Apesar de estar mediando tiveram algumas coisas que notei. Por exemplo, quando houve referencias negativas à prefeitura de Cruzeiro do Sul nenhum dos dois candidatos de oposição fizeram a defesa de Vagner Sales (PMDB).
Apoio ao vivo
Num certo momento o candidato Bocalom deixou transparecer que apesar de ter o seu candidato ao Senado, Roberto Duarte (PMN), ele não fará nada para tentar uma derrota de Gladson Cameli (PP). Muito pelo contrário.
Mais do que se imaginava
Um outro ponto a se destacar. Antônio Rocha não é nenhum Tijolinho. O candidato ao Governo do PSOL se saiu muito bem no debate. Mostrou consistência e fidelidade ao programa do seu partido.
Preços altos
Foi interessante quando Rocha, que nasceu nas barrancas do rio Gregório, chegou a reclamar dos preços altos dos hotéis em Cruzeiro do Sul. Uma figura humilde e que tem “algo” a oferecer à política do Acre.
Puxando pra baixo
Márcio Bittar será o maior prejudicado na eleição do Acre pela “onda” Marina Silva (PSB). Com o presidenciável Aécio Neves (PSDB) indo de ladeira abaixo ficará cada dia mais difícil chegarem as famosas “ajudas”.
Macaco velho
Enquanto isso, o insistente Bocalom vai numa toada própria sem lenço e sem documento. Bocalom está dando mais trabalho do que se imaginava. Mas se ele ou Bittar despencarem Viana pode levar a fatura no primeiro turno.
O adversário mais forte
Na minha avaliação atualmente quem está mais próximo do líder nas pesquisas Tião Viana é o voto contra o PT. É um voto sem face e sem convicção. Mas é esse candidato invisível que poderá garantir o segundo turno das eleições no Acre.
Jogo perigoso
Para Gladson Cameli não interessa em nada a entrada na campanha da sua adversária Perpétua Almeida (PC do B) do prefeito Marcus Alexandre (PT). O gestor está bem avaliado e a decisão da vaga será em Rio Branco.
Lições de democracia
Apesar de todos os acontecimentos desagradáveis de uma campanha o Acre vive um momento de democracia plena. Não há o quê se reclamar. Evidentemente que cada coligação “puxa a sardinha” para o seu lado. Mas o debate na TV Juruá provou que o Estado respira democracia. Como organizador do evento fiquei satisfeito com a presença dos quatro candidatos pela primeira vez num debate ao vivo no interior do Estado. Eles se comprometeram com propostas e mostraram o que poderão oferecer ao povo acreano nos próximos quatro anos. Como profissional me sinto vitorioso de poder ter proporcionado esse momento democrático para uma grande audiência em todo o Acre. Claro que nem tudo foram flores e a pressão que sofri em alguns momentos foi grande. Afinal estava mexendo com interesse políticos e econômicos de muita gente. Mas o debate aconteceu e quem venceu foram os eleitores acreanos. E isso ninguém vai mudar!
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