O clima de insegurança volta a tomar conta do município de Acrelândia, localizado cerca de 100 km da capital. Depois que vieram à tona novas denúncias com relação ao suposto desvio de verbas do Fundo de Desenvolvimento de Educação Básica (Fundeb), sindicalistas e conselheiros estão sendo ameaçados de morte.
“Através de um telefonema anônimo pediram para eu mudar minha rotina e que eu tivesse muito cuidado”, disse um membro do Conselho Municipal de Educação que pediu para não ter seu nome revelado. Ele não sabe afirmar de onde partiram as ameças, mas vai procurar a Delegacia de Policia Civil para pedir investigação.
Ontem pela manhã, Policiais Federais estiveram na cidade. Pessoas ligadas à gestão municipal e a educação confirmaram que foram interrogadas com relação à aplicação dos recursos educacionais.
Um Inquérito Civil foi aberto em 2012 pela Promotora Substituta de Acrelândia, Maria de Fátima, e apura possíveis desvios nos recursos do fundo. Há suspeitas de pagamento de salários a “professores fantasmas”.
Em 2010, o ex-presidente da Câmara Municipal de Acrelândia, Fernando da Costa, conhecido como Pinté, foi assassinado quando se preparava para abrir uma CPI que iria investigar o desvio milionário de recursos do Fundeb na gestão do ex-prefeito Carlinhos do PSB. O fato que chocou todo o Estado do Acre teve como desfecho o afastamento e a prisão do prefeito Carlinhos e o ex-secretário de educação, Jonas Prado. Eles cumprem pena de 16 anos e 3 meses e 15 anos e 8 meses, respectivamente, na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde.
Este ano, o atraso constante no pagamento de professores e apoiadores da educação culminou com o protocolo de novas denuncias que apontam para o desvio de finalidades na aplicação dos recursos do Fundeb na gestão do atual prefeito Jonas da Dalles, que deixou a oposição e se filiou no PROS, partido da base governista.
Semana passada, com a intervenção do Palácio Rio Branco, Jonas se livrou da abertura de uma CPI que iria apurar as novas denúncias. O pedido de investigação foi protocolado pelos conselheiros municipais de educação. Uma das maiores escolas municipais, a Escola Integrada Altina Magalhães, decretou o prejuízo do ano letivo por falta de combustível para o transporte escolar.
O OUTRO LADO:
O prefeito Jonas Dales não vem sendo encontrado no próprio município, tem evitado falar no assunto até mesmo com setores da imprensa local. Durante todo o dia de ontem não atendeu as chamadas originadas da redação para o seu telefone celular.