Maior demanda continua sendo nas áreas de ortopedia, reumatologia e oftalmologia. Para conseguir uma consulta com ortopedista pacientes esperam
até 18 horas por uma ficha. HC diz que uma das principais consequências da demanda é o violento trânsito de Rio Branco
Mesmo informatizada, a Central Estadual de Regulação ainda não eliminou filas de espera por consultas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) principalmente nas áreas de ortopedia, reumatologia e oftalmologia no Hospital das Clinicas (HC) em Rio Branco. Na madrugada da última quarta-feira (23) redes armadas nas paradas de ônibus do lado de fora da unidade hospitalar chamavam a atenção de quem passava pela BR 364. Pacientes como à senhora Nanci Nery, disputavam uma das 14 fichas para o agendamento de consultas na área de ortopedia. A direção do HC reconhece o problema, mas afirma que 170 vagas para ortopedia são disponibilizadas toda semana. Uma das grandes consequências para a demanda reprimida é a violência no trânsito de Rio Branco envolvendo, principalmente, motociclistas. Longe de ter sua obra concluída, o Instituto de Traumatologia e Ortopedia (INTO) é apontado como solução para acabar com os problemas neste setor da saúde pública.
Das 22 mil consultas programadas para o mês de junho pelo Hospital das Clinicas, mais de 7,5 mil deixaram de ser realizadas. Dentre os diversos problemas apontados – inclusive relacionados a plantões médicos – a falha no sistema de regulação é o maior gargalo. Se por um lado o estado zerou a fila para cirurgia de córnea, por outro, pacientes como dona Nanci Nery, moradora da estrada de Boca do Acre, esperam até 18 horas para agendar uma consulta com ortopedista. Na última quarta-feira (23) ela e dezenas de usuários, ataram redes em frente o maior hospital clinico da cidade.
“Estou nessa luta há quatro meses. Sempre que venho aqui para conseguir consulta nessa área, tenho que dormir na fila”, disse Nanci.
Segundo o senhor Manoel Rodrigues que também enfrentava a fila, “muitas vezes as vagas acabam às 22 horas do dia anterior”. Os próprios pacientes organizam a distribuição de senhas. Mas além das áreas já citadas até quem busca um retorno com Clinico Geral, como o caso do senhor Getúlio Pereira, de Tarauacá, tem que romper a madrugada para conseguir uma consulta.
Problemas do início da gestão não foram solucionados
E não é por falta de médicos, 24 médicos ortopedistas atendem no Sistema SUS do Acre. Os problemas começam no primeiro atendimento que geralmente acontece no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB). Segundo o diretor administrativo do HC, Carlos Eduardo, “o HUERB não resolve a situação do paciente até chegar a uma cirurgia mais complexa, motivo que leva ao estrangulamento porque tudo vem encaminhado para o HC”, explicou.
Para o mês de junho, 600 vagas de ortopedia estavam programadas no sistema de regulação, mesmo assim, 150 atendimentos entraram na lista de espera. Especializações como o caso de ortopedia da mão, de joelho ou quadril, por causa das complexidades, não entra no sistema, tem agendamentos gerenciados pelo Hospital das Clinicas.
Com o crescimento cada vez maior da frota de veículos (141,7 mil até maio deste ano) e da frota de motocicletas (54,6 mil), os números de atendimentos na área de traumato-ortopedia [que cuida das doenças e deformidades relacionadas ao aparelho locomotor] tendem a aumentar uma vez que no HUERB plantões registram a entrada de até 50 pacientes com traumas, vitimas de acidentes de trânsitos em um único final de semana.
O DETRAN-Acre não disponibiliza mais em seu portal de transparência o número de acidentes provocados por motocicletas. Dados de 2012 apontam que em Rio Branco, dos 6.310 acidentes registrados, 57,21%, envolveram motocicletas. Já no interior, dos 1,3 mil acidentes anotados, 76,84% tiveram motocicletas entre os veículos envolvidos.
“Esse paciente fica caro para o sistema, tem cirurgias que exigem a colocação de placas que custam até R$ 80 mil. E não é somente essa etapa, tem a fisioterapia também”, comentou Carlos Eduardo.
A obra que poderia resolver grande parte dos problemas do SUS, o INTO, deveria ter sido inaugurada em março deste ano. Deveria, porque na prática tem ritmo lento. O canteiro funciona a pouco metros do HC.
Orçada em R$ 29 milhões, o INTO vai ocupar uma área de nove mil metros quadrados. O prédio será o primeiro do Acre a ter galerias subterrâneas pré-moldadas, que vão não só suportar toda a estrutura do hospital, mas servir como climatizador e passagem da fiação. Vai oferecer 13 especialidades ortopédicas, 19 consultórios e boxes de atendimento, quatro salas cirúrgicas, duas salas de procedimentos invasivos e 68 leitos de internação, sendo 11 de terapia intensiva, oito de hospital-dia e 49 leitos de enfermaria (adulto e infantil).
Até sua conclusão, o Acre segue convivendo com imagens chocantes como as registradas na madrugada de quarta-feira (23) e a demora em marcar consultas faz com que os pacientes sejam obrigados a esperar mais de dois anos pelo tratamento, que geralmente exige exames, retornos ao médico e, em alguns casos, cirurgias.
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