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Proposta inovadora da “poupança alfabetização” diferencia Bocalom dos demais postulantes ao Palácio Rio Branco

Por
Roberto Vaz

“Mas eu não disse que fizessem qualquer coisa, menos registrar 13 candidaturas para deputado federal!”. A bronca toda era por causa do número 13, que o supersticioso Tião Bocalom não quer que figure em nenhuma informação de sua campanha rumo ao Palácio Rio Branco. Sem abandonar o estilo casmurro, o ex-prefeito de Acrelândia vem com a mesma linguagem para esta campanha: maracutaia, corrupção, panelinha, em Acrelândia… são adjetivos utilizados contra o PT do Acre em qualquer minuto de entrevista que lhe é oportunizado.


Mas a briga não é somente com o número 13. Em uma sucessão de erros Bocalom jogou fora este ano, primeiro uma confortável candidatura a deputado federal pelo PSDB, na quebra de um acordo que ele fez com Márcio Bittar na pré-campanha de prefeito, em 2012; depois teve um novo episódio que a imprensa tratou como rasteira, desta vez com o desastrado senador Petecão. Quando todos diziam que Bocalom estava fora da disputa majoritária foi a mão amiga de Petecão – numa clara demonstração de tentar enfraquecer o grupo de Márcio Bittar – que lhe ajudou a conseguir o DEM. Depois de ser empossado como presidente do partido, Bocalom se esqueceu do pacto e lançou sua candidatura majoritária – a quarta consecutiva – e terceira concorrendo ao cargo de governo do Estado, sem a análise de melhor nome nas intenções de votos entre o dele e o de Petecão. Foi com clara intervenção dentro do DEM que acabou fazendo tudo que combatia em discurso.


Seguindo a mesma linha de cardeais da Frente Popular do Acre – onde esteve durante o ano de 2008 ocupando cargo de secretário de agricultura – Bocalom vê como natural os conflitos lhe envolvendo com lideranças do PSDB e PSD. “Não tenho inimigos políticos, tenho adversários”, faz questão de afirmar.


Mas este não é o único assunto que consegue lhe tirar do sério. A sua suposta aproximação com o grupo do contraventor, Carlinhos Cachoeira é outra história mal explicada. A campanha de Bocalom para governo seria financiada por Thiago Fernandes Rodrigues Teixeira, sócio do advogado Neilton Cruvinel que defendeu o ex-senador Demóstenes – acusado por oito crimes de corrupção passiva, além do crime de advocacia.


Na sua pré-campanha, Bocalom confirmou em entrevista concedida ao programa Gazeta Entrevista (Tv Gazeta), que o DEM negociou a pré-candidatura de Thiago Fernandes Rodrigues Teixeira para deputado federal no Acre, em troca de ajuda financeira para a sua campanha. Thiago é lotado no gabinete do senador José Agripino com quem Bocalom esteve na última semana em Brasília e que coincidentemente é o coordenador de campanha do presidenciável Aécio Neves.


Agora Bocalom nega que esse projeto de candidatura de Thiago Fernandes tenha tido êxito. Indiferente à enxurrada de fatos contra a sua imagem, aposta no chamado recall eleitoral para vencer as eleições deste ano. Quem entra na nova sede do DEM, localizada na Avenida Nações Unidas, na capital, recebe como cartão de visita um material reproduzido em preto e branco que apresenta dados de uma pesquisa registrada no TRE-AC sob nº 023/2014 (pelo Instituto Phoenix) em que coloca o democrata em vantagem pela disputada do executivo acreano.


Na pesquisa que Tião Bocalom prefere não acreditar, feita pelo Instituto Delta em junho deste ano, os números indicam que a pecha de não cumpridor de promessa não pegou. Apenas 8% o veem assim. Ele é visto por 11,32% dos entrevistados como um político honesto e por outros 11% como bom gestor. Esta última imagem, de administrador, a equipe de campanha garante trabalhar durante o horário eleitoral. É a certeza de ouvirmos repetidas vezes o nome Acrelândia no horário nobre. A ladainha não deu certo em 2012, mas quem não abre mão dela é o próprio candidato.


Além dessa, qualidade, ética e transparência serão peças de marketing na campanha do democrata. O plano de governo registrado no TRE fala dessa disciplina para aplicar bem o dinheiro público e no atendimento as pessoas. A promessa é a de que será o governo mais transparente do Brasil já no primeiro ano de mandato, caso seja eleito. O apoio à produção, uma das marcas de seu discurso também será focado. Para o democrata, a enchente do rio Madeira fortaleceu sua tese de Produzir Para Empregar. Ele aposta no apoio da zona rural para ir ao segundo turno com Sebastião Viana (PT) ou Márcio Bittar (PSDB).


Como Bocalom vai conseguir mostrar isso em pouco mais de 120 segundos, talvez seja a maior equação que vem tirando o sono do professor de matemática. Com números reduzidos de partidos coligados (apenas PMN e PV), o ex-prefeito de Acrelândia perderá quase cinco minutos de programa de rádio e tv com relação à eleição de 2010. Deve aparecer pouco mais de meia hora na telinha da TV (incluindo as inserções partidárias).


Para tornar sua campanha mais criativa e menos jornalística, Bocalom oficializou divórcio com o marqueteiro baiano Zé Américo que lhe acompanhou desde 2006. Em fevereiro de 2013, o publicitário ameaçou entrar na Justiça para receber a última parcela do contrato firmado com o PSDB para prestação de serviços durante o 1º turno e todo o valor acertado para o 2º turno do período eleitoral de 2012. Mas o desfecho desse mal entendido acabou bem para ambos os lados.


Uma equipe de Rondônia (mesmo estado do Instituto Phoenix) foi contratada para o desafio de eleger Bocalom governador. É aí que o DEM esconde o jogo, não revela como fará para dividir o minguado tempo de rádio e tv com as aparições de Tião Bocalom e seu vice, o deputado federal Henrique Afonso que tem forte influência em Cruzeiro do Sul e no segmento evangélico..


O que a direção do partido não esconde é o arsenal que está sendo preparado contra o governador Sebastião Viana. A Coligação trabalha fortemente elementos da realidade. Pretende unir política e economia no mesmo diagnóstico. A publicidade deve permanecer em torno do escândalo G7, manter como pauta a corrupção e pontos que considera frágeis da gestão do petista Sebastião Viana, como saúde, segurança pública e geração de emprego e renda. Nesse sentido, Bocalom quer contar com o PSDB como aliado. “Eles vão ter mais tempo de televisão, o Márcio precisa bater”, receitou.



Bocalom afirma não ter medo de nada que possa ser rebatido pela Frente Popular, nem mesmo o avivamento do processo do INCRA que em 2012 o acusou por grilagem em terras destinadas à reforma agrária e falsa declaração patrimonial à Justiça Eleitoral.


Se a Frente Popular escalou o prefeito Marcus Viana para coordenar a campanha em Rio Branco, a Coligação Produzir para Empregar aposta em Henrique Afonso para reverter o quadro político em Cruzeiro do Sul, aonde Bocalom patina com 11% das intenções de votos e tem mais de 21% de rejeição (segundo pesquisa Delta). Henrique Afonso teve 47% dos votos válidos na última eleição para prefeito.


O que parece ser novo na proposta de Bocalom, identificado pelos mais críticos como “eterno candidato”, são promessas registradas em seu plano de governo que atingem grandes massas como a de Bolsa Jovem – destinada a estudantes do ensino médio e a poupança alfabetização. Este último projeto foca 118 mil analfabetos no Acre (dados do IBGE fornecidos pela coligação).


Mais rico – conforme dados de patrimônio informado ao TRE – aos 61 anos, Bocalom afirma que está preparado psicologicamente para o embate. Este ano, ele não contará com o apoio nas ruas da esposa, dona Beth Bocalom, que vem enfrentando problemas de saúde. Na semana passada também perdeu uma irmã vitima de câncer. Mas o vovô Bocalom, como é chamado carinhosamente pelas netas, afirma que isso tudo está superado. De nova moradia – uma casa alugada no bairro do Bosque -, o democrata diz que sua preparação física é feita nas ruas, para onde sai às 5 horas da manhã. Com o slogan “a mudança que o povo quer”, ele acredita que será identificado com verdadeira oposição. Mas jura que não vai agredir Márcio Bittar de quem espera apoio no segundo turno. Talvez, por isso, Bocalom ainda atenda no antigo telefone que tem 45 como prefixo, diferentemente do 13. Esse número não é permitido no seu vocabulário.


“Vou para as ruas sem ódio, mas com oposição firme que mostra os erros e as maracutaias do PT”, concluiu.


Dados de Bocalom
Nome de batismo: Sebastião Bocalom Rodrigues
Idade: 61 anos (18/05/1953)
Naturalidade: Bela Vista do Paraiso
Estado Civil: Casado(a)
Ocupação: Professor de Ensino Médio
Escolaridade: Superior completo


Candidato a Governador Bocalom 25
Número: 25
Nome para urna: Bocalom
Cargo a que concorre: Governador
Estado: Acre
Partido: Democratas
Coligação: PRODUZIR PARA EMPREGAR (DEM / PV / PMN)


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Roberto Vaz

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