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Esperança de crescimento econômico será o tema principal da campanha de Bittar

Por
Roberto Vaz

Os amigos mais próximos do deputado federal Márcio Bittar tiveram muita dificuldade para mudar a oratória em que ele sempre abordava a vida de militante no movimento estudantil pelo Partido Comunista Brasileiro. Ele sempre fazia questão de relembrar a temporada em que estudou na Rússia. Entre as críticas que recebeu por falar em socialismo e estalinismo, foi chamado de fundamentalista. Outros militantes diziam que sua oratória estava distante das massas e seu discurso não era entendido pelas camadas mais pobres.


Mas se sua passagem pela Rússia é um capítulo inesquecível, a sociedade com o ex-governador do Amazonas, Eduardo Braga é página que Márcio Bittar gostaria de ter apagado. Em 2008 – dois anos depois de perder sua primeira disputa ao governo – o senador Arthur Neto (PSDB) acusou Braga de possuir mais de 3 mil cabeças de gado na fazenda de Márcio Bittar, em Sena Madureira-AC. Na época Bittar negou que fosse sócio de Braga, afirmando que a fazenda e a parceria em questão era com seu irmão Mauro, o que foi desmentido por um funcionário e pelo presidente do Idaf, o petista Paulo Viana. Este informou que a fazenda pertencia a Mauro Miguel Bittar, mas estava arrendada desde o início de 2007 para Bittar.


Mais tarde, explodiu na imprensa a informação de que paralelo à sociedade com o ex-governador, Bittar, assim como sua mulher Márcia, também foi funcionário do Governo do Amazonas, durante a gestão de Braga. Em 2008, Bittar tinha dois empregos na administração estadual. Ele recebia, à época, um salário de R$ 12 mil pela função de coordenador-adjunto de um grupo de trabalho formado para montar a estratégia de criação da Região Metropolitana de Manaus (RMM). Para essa função, estava lotado na Secretaria de Governo (Segov). Já na função de assessor do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), Bittar recebia outro salário, de valor não informado, para atuar em Brasília. Era de lá que ele trabalhava para o Governo do Amazonas.


Eleito pela segunda vez como deputado federal, sendo o mais votado em 2010, com 52.183 votos, Bittar vendeu a fazenda que foi alvo da polêmica em 2008 e deixou de ser pecuarista. Em histórica articulação com o PSDB nacional e com a ajuda do senador e presidenciável Aécio Neves, conseguiu se eleger como 1º Secretário da Câmara dos Deputados, com 437 votos e ocupa a segunda mais importante função administrativa da Casa Legislativa do País, função até hoje só ocupada por políticos renomados.


Embora tenha dito em várias manifestações que se sentia realizado politicamente, ele não recuou da proposta de ser candidato das oposições ao governo do Acre, e mesmo não tendo conseguido unidade – Tião Bocalom (DEM) optou por uma candidatura paralela – oficializou sua pré-campanha em março deste ano, com dez partidos, a maior coligação que a oposição já teve até hoje. Maior até no tempo de televisão. Graças à adesão de partidos como o PMDB, PR e PP, o horário de propaganda eleitoral da Coligação por Um Acre melhor deve ser maior do que o da Frente Popular.


Sem nenhuma semelhança no campo midiático com Aécio Neves – politico considerado mais marqueteiro do país – Bittar não é de responder “piadinhas” de colunistas políticos e notas da redação. Não fez isso durante toda a sua pré-campanha. Apresenta-se (e na prática tem demonstrado) sendo um “puro democrata”. Aposta todas as fichas no horário eleitoral onde pretende apresentar programas com a cara e a voz da gente acreana.


A equipe de marketing importada de Curitiba (mesclada com acreanos) promete um programa feito pelo povo e para o povo. Bittar não deve seguir a receita proposta por Tião Bocalom, mais do que apontar mal feitos, promete exibir na telinha o resultado da sua caminhada em todo o Estado “na construção do plano de governo”, como faz questão de afirmar.


Apostando no que respondera 75% dos entrevistados da pesquisa Delta, que pediu mudança na forma de governar o Acre, o tucano prometem mostrar ao povo acreano como irá arrumar a casa e fincar a base da retomada do desenvolvimento, com geração de emprego e ampla liberdade de expressão. Para isso, Bittar conta com 31% do eleitorado pesquisado em junho deste ano, que acredita que ele tem boas ideias; outros 19% lhe veem com visão de futuro. A rejeição é outro ponto favorável: tem a menor entre os candidatos que concorre ao cargo de governador do Acre: 10,6%. Talvez por isso, Bittar foi quem mais cresceu de março – quando oficializou seu nome – até o presente, ultrapassando Tião Bocalom, (segundo a pesquisa Delta).



Os números, porém, não são favoráveis em todas as regiões. De Cruzeiro do Sul, Bittar espera que os ventos soprem com força. Foi nessa região que a última eleição para governo foi decidida. A vice na chapa majoritária, deputada Antônia Sales (PMDB), é do Juruá. Esposa do atual prefeito Vagner Sales, reeleito com 53,07% dos votos válidos em 2012, é neste casal e, em Gladson Cameli, que a coligação aposta todas as fichas para reverter à diferença que beira os 13% (segundo pesquisa Delta de junho deste ano). Hoje, em todo o Estado, Bittar só vence a corrida eleitoral em um cruzamento com Bocalom no segundo turno.


Com tanta responsabilidade, os marqueteiros e o coordenador de campanha, Marcelli Tomé, estão cautelosos e concentrados. Eles pretendem evitar cair no modo usual e pernicioso da promessa vazia. Arrumar a casa será o primeiro programa de governo caso Bittar seja eleito governador. O objetivo é o de implementar uma ampla reforma administrativa, eliminar todos os desperdícios e iniciar um processo de total transparência de gastos e investimentos do governo nas áreas mais deficitárias.


De olho nos números de pesquisas, Saúde Pública de Qualidade, Segurança Pública Eficiente, Educação Pública de Qualidade, Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico e Social (fomento e apoio ao crescimento econômico, ao progresso e à geração de empregos e renda), são pontos focados no jingle do candidato que fala em crescimento com quem vai trabalhar pelo Acre toda noite e todo dia.


Natural do município de Franca em São Paulo, Márcio Miguel Bittar, aos 51 anos, afirma estar no melhor momento de sua vida. Mas quando o assunto é partido, um fantasma chamado Bocalom ainda o persegue. Em Plácido de Castro, um grupo de dissidentes vai apoiar a candidatura do democrata ao governo. Outro calo nos pés tem sido a atuação de vereadores na Câmara Municipal. O líder do PSDB, vereador Rabelo Góes, filiou a esposa no PSD e deve apoiar uma candidatura de federal no partido de Petecão. O vice-presidente da Câmara, vereador Alonso Andrade, por desistência do vereador Roger, deixou de apoiar uma candidatura do PSB à Assembleia Legislativa. Ninguém afirma, mas tais infidelidades não sairão baratas pós-campanha.


Por causa de problemas com a saúde a irmã Marluce (que morreu vitima de câncer), Bittar ficou afastado de parte da pré-campanha. Ao retornar ao Acre, retirou a candidatura de federal de sua esposa Marcia, para evitar conflitos com o PP. Ainda assim enfrentou problemas aos 45 do segundo tempo no registro das coligações. Mas afirma com muita paixão, ter felicidade por ter a esposa ao seu lado, como uma das coordenadoras de campanha, “alguém fundamental para mim”, disse.


É ao lado de Marcia Bittar que o candidato tucano recebe acompanhamento da doutora Tatiana que cuida do envelhecimento saudável do casal. Caminhadas no Horto Florestal ajuda a controlar o colesterol e a Bittar perder o que chama de quilos a mais. Com bom humor ele disse que essa gordurinha gosta muito dele. “Eu perco, mas logo, logo, ela se encontra comigo” (sorriu). Outro problema que o acompanhava, um esporão de galo, ele tratou com uma ortopedista que é sua prima, em São Paulo. O uso de uma palmilha alivia sensivelmente as dores que Bittar sentia durante as crises.


Será nos domingos e nas manhãs de segunda-feira que o candidato tucano irá dedicar á família. Nesses momentos ele afirma renovar as suas forças. Bittar gosta de ajudar a esposa com o almoço de domingo no condomínio de luxo onde mora, na Rua Independência, em Rio Branco, no Aviário.


“O Acre pode e merece muito mais. E acrescento que a Deus eu peço a bênção e aos eleitores o voto.” Concluiu.


Dados de Márcio Bittar
Nome: Márcio Miguel Bittar
Idade: 51 anos (28/06/1963)
Naturalidade: Franca
Estado Civil: Casado(a)
Ocupação: Deputado
Escolaridade: Superior completo


Candidato a Governador Márcio Bittar 45
Número: 45
Nome para urna: Márcio Bittar
Cargo a que concorre: Governador
Estado: Acre
Partido: Partido da Social Democracia Brasileira
Coligação: Por Um Acre Melhor (PMDB / PSDB / PT do B / PSC / PTC / PPS / PR /
PPS / PP / PSD)


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Roberto Vaz

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