No meio desse pessoal tinham poucos brasileiros, mas milhares de imigrantes e afrodescendentes de dezenas de países. Ali, me dei conta que a alegria deles era pelo Brasil ter superado uma potência – pelo menos no esporte.
Por aqui, não sei por que cargas d’água, mas insistimos em desprezar nossos vizinhos, que são muito mais parecidos com a gente do que aqueles do outro lado do oceano, no hemisfério norte.
Nesta Copa, muitos deles cruzaram as fronteiras em caquéticos carros, se alojando em hotéis precários de centros das cidades-sede. Outros dormiram em praias, praças e chãos de aeroportos e rodoviárias. Nos estádios, comandaram a festa que outros torcedores não conseguiram – inclusive os nossos.
Saíram cantando pelas ruas, varando madrugadas. A música em que cantam e se tornou viral entre eles, neste Mundial, não passa de uma brincadeira sem nenhuma ofensa ao Brasil – está mais perto de uma marchinha de carnaval. Lembro que meia dúzia de baderneiros que aportaram por aqui não dista de brasileiros que fizeram o mesmo por lá na última Copa América – basta ler relatos dos jornais da época.
Os argentinos mostraram-se apaixonados pelo futebol. Foram bravos guerreiros que tornaram a Copa no Brasil uma celebração inesquecível e diferente.
Nessa hora, deixo de lado as diferenças futebolísticas entre clubes – aliás, grandes argentinos atuaram por aqui e se tornaram ídolos de vários times – para apoiar aquilo que a minha consciência sul-americana me leva a crer ser mais importante do que bater palmas na final da Copa para os alemães.