A Argentina de Messi estará no Rio, às 16h de domingo, em frente à Alemanha para tentar ser campeã mundial pela terceira vez.
A vitória foi obtida nos pênaltis em um jogo muito diferente da outra semifinal, o trágico Brasil 1 x 7 Alemanha: o jogo foi tenso, sem brilho dos craques Messi e Robben. Um zero a zero com poucas chances de gol.
A Holanda começou sem nenhum dos possíveis desfalques – e com um reforço, De Jong, recuperado de lesão. Já no primeiro minuto, ficava claro de quem seria a torcida: em uma troca de passes inócua da Holanda, o estádio urrava “olé”. Era a vingança de uma tarde que vinha sendo de sarro absoluto argentino nas arquibancadas, com muitas repetições da musiquinha “Brasil, dime o que se siete”.
E foram os holandeses que começaram propondo o jogo. Enquanto não conseguiam uma chance segura de infiltrar-se ou cruzar, os holandeses ficavam tocando bola e ocupando espaços. Mas aí apareceu a característica marcante da Argentina nesta Copa: é um time calmo. Postada atrás, foi avançando a marcação faixa por faixa do gramado do Itaquerão, cada vez mais perto do gol de Cillessen. Aos 13 minutos, depois de ótima jogada pela direita do substituto de Di María, Pérez, uma falta foi o primeiro momento de tensão. Messi ajeitou como fez no Beira-Rio contra a Nigéria, mas, ao contrário do dia 25 de junho, cobrou mais baixo, para Cillessen pegar firme.
Com calma, a Argentina foi se apossando do campo e deixando a Holanda com poucas opções de saída. Contava ainda com a marcação confusa pela esquerda da defesa da Holanda – Indi e Blind deixavam espaço farto para Lavezzi descer em velocidade.
A resposta holandesa também foi tranquila. Até demais, como aos 24 minutos, quando Higuaín quase chegou em uma bola mal atrasada para Cillessen e ele, como se fosse um treino do Ajax, driblou-o e saiu jogando com uma risadinha.
Não era um treino do Ajax, e nem uma semifinal esquisita como a de Brasil e Alemanha: lembrava mesmo um jogo decisivo como os de 2010 e 2006, com times cuidadosos, cientes de que um erro qualquer seria difícil de correr atrás. Era esse o ritmo da partida no segundo tempo, mas com sinal inverso: era a Holanda, que resolveu a Avenida Indi trocando o zagueiro por Janmaat, quem se impunha mais, com Kuyt trocando de lado para atacar pela esquerda.
Para piorar, aos 20 minutos desse segundo tempo, começou a chover mais consideravelmente, com consequências: mais passes errados, menos calma, mais cantoria dos argentinos – incluindo o gremista Hernán Barcos, que assistia ao jogo e previra, no intervalo, que a Argentina ganharia de 1 a 0.
A mudança foi melhor para os 63.267 presentes na arena paulista: aos 29 minutos, Robben dominou com estilo na intermediária e lançou Janmaat, que cruzou para Van Persie concluir em uma tentativa de bicicleta toda torta. Um minuto depois, Higuaín recebeu cruzamento e antecipou-se à marcação, mas concluiu na rede pelo lado de fora. Era o sétimo chute em gol, os dois times somados, em mais de uma hora de partida. Mesmo assim, era evidente a falta que faziam o talento de Robben e Messi, bem marcados.
O técnico argentino Alejandro Sabella até tentou mudar, colocando Palacios em lugar de Pérez e Agüero para a saída de Higuaín, que era perigoso mas ineficaz. Mas quem levou perigo foi a Holanda – depois de lindo passe de calcanhar de Sneijder, Robben entrou na área e foi bloqueado no último instante por Mascherano. O domínio seguiu laranja, mas sem lances de perigo, até que o árbitro Cuneyt Cakir apitou para a prorrogação.
Aos cinco minutos do tempo extra, Van Persie saiu para a entrada de Huntelaar — era Robben, que no instante seguinte driblou dois argentinos dentro da área mas conseguiu só um escanteio, o solitário no ataque.
Fugir dos pênaltis, parecia, seria coisa de um lance isolado. Porque das jogadas trabalhadas, “normais”, nada vinha: aos 12 minutos da prorrogação, a torcida cantava “olê, olê, olê olê, Messi, Messi”, pedindo que seu craque se apresentasse. Quem compareceu foi Palacio, em cruzamento perigoso que passou pela defesa, mas não encontrou Agüero – e foi-se mais um tempo da semifinal. O segundo seguiu sem muitas novidades. Encastelada, a Argentina esperava por um contra-ataque, ou pelo já tradicional gol de Messi no último minuto – antes do último minuto, ainda teria duas boas chances em frente ao gol, com Palacio e Maxi Rodríguez (em cruzamento de Messi), evitadas por Cillessen. Pênaltis.
Dessa vez, Van Gaal não colocou o gigante Krul, que deu uma conversadinha com Cillessen. Eram 19h39min desta quarta-feira quando Vlaar correu para a bola e chutou fraco para a defesa de Romero. Messi foi em seguida: deslocou o goleiro e fez 1 a 0 na série.
Era a vez do outro craque, Robben. Calmamente, empatou a série com um chute no canto esquerdo de Romero. Garay chutou forte e alto: 2 a 1 Argentina. Então foi a vez de Romero brilhar: buscou na direita o chute de Sneijder, mantendo o placar. Agüero correu e ampliou: 3 a 1. Quando Kuyt correu para fazer 3 a 2, a Holanda precisava de um milagre. Maxi Rodriguez marcou e classificou os hermanos para a finalíssima da Copa.