A entrevista com o deputado federal, historiador e professor, aconteceu no final da tarde de ontem (30) antes da caminhada programada por militantes do partido com Chico Alencar no centro de Rio Branco. Analisando o movimento das ruas e o legado da Copa do Mundo, ele afirmou que diferente do que aconteceu há um ano, existem milhares de movimentos pequenos em todo o Brasil.
“Mudou a forma de reivindicar que é diferente daquele momento que coincidiu com a Copa das Confederações, onde estava em andamento a construção de estádios caríssimos. A indignação continua, as lutas prosseguem. O morador da periferia reivindica todos os dias saneamento básico e segurança”, comentou.
Preso durante manifestações contra a ditadura, Chico Alencar vê a liberdade de escolha de nossos governantes como uma conquista, mas alerta para o momento em que o país vive uma democracia de baixa intensidade, “banal e meramente eleitoral”, acrescentou. O historiador afirma que esse modelo levou a FIFA escolher o Brasil como sede da Copa do Mundo, “para conseguir o maior lucro possível na realização do evento”, observou.
Em análise mais aprofundada do cenário atual, Alencar condenou o modelo dos partidos políticos que em sua opinião, viraram agrupamentos de interesses individuais e corporativistas.
“A eleição passou a ser uma peça publicitária onde você com muita grana e muito investimento consegue êxito”, refletiu.
O deputado do PSOL se lembrou do tempo em que campanha política era feita com ajuda de sociólogos, cientistas políticos, analíticos, equipe que ajudasse a pensar o Brasil ou o município e com capacidade de formulação.
“Hoje se chama um único profissional: o marqueteiro que vende um sabonete com nova embalagem. Se o cara é corrupto, coloca-o sorridente! Ou seja, vendem gato por lebre”, desabafou.
Na defesa do conteúdo programático como mais importante, o ex-petista cita o Partido dos Trabalhadores, do ex-presidente Lula, como uma sigla que pouco a pouca abandona suas bandeiras ideológicas, princípios, valores e limites éticos.
“Quem poderia imaginar que se via o Maluf abraçado com os deputados da base da presidente Dilma e candidatos do PT em São Paulo? Essa miscelânea política, do parece que o povo vai aceitar tudo, de não ter mais padrão, critérios, do inimigo de dia e aliado à noite, dos acertos por minutinhos de televisão, vai se acabar”, declarou Alencar.
Ele acredita que algum tipo de reação vai existir a partir desta eleição. Alencar finalizou a entrevista citando uma das frases de seu livro copiada do movimento de rua do ano passado: “não adianta aqui rugir como um leão e depois votar como um jumento”, concluiu.
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