Principal mercado dos produtos do Polo Industrial de Manaus (PIM), a crise na Argentina ameaça afetar as exportações da indústria local, caso o impasse não seja solucionado até o mês que vem para evitar o calote e rolar a dívida externa que ameaça chegar a US$ 15 bilhões, a depender de decisões judiciais.
De janeiro a maio, as vendas externas para Argentina somam US$ 108 milhões, o que corresponde a 27% de todas as exportações do PIM no período, a maioria eletroeletrônicos.
Para o professor da escola de economia da Trevisan Consultoria e especialista em finanças internacionais Francisco Dorto, o momento ainda é de tranquilidade. Mas se o país vizinho não conseguir honrar as dívidas já negociadas e executadas, que somam US$ 2,2 bilhões, e superar a desconfiança internacional, uma grande crise de crédito poderá se instalar, com consequências para o Amazonas e para o Brasil.
A situação econômica dos ‘hermanos’ enfrenta problemas há mais de uma década, quando o país deu o primeiro ‘defaut’ (calote) de US$ 100 bilhões.
“Esse passado nebuloso dificulta a amortização de dívidas. A Argentina tem um problema de fluxo de caixa, pois precisa manter o crescimento da atividade ao capital de giro. Mas ela sozinha historicamente não consegue e por isso tem precisado de dinheiro externo, tanto para manter a atividade econômica, como para os ciclos de investimentos necessários no país, que até agora foram feitos muito precariamente”, esclarece Dorto.
Para recuperar o ‘nome na praça’, em 2005 e 2010, o País conseguiu negociar os saldos com 93% de seus credores, assegurando o pagamento, mediante descontos de até 60%.
No último dia 16, no entanto, o governo argentino perdeu um processo aberto por dois fundos e 13 pessoas físicas, que representam 1% dos detentores dos títulos da dívida, dos 7% que ainda tentam receber a totalidade na Justiça.
O juiz de Nova York Thomas Griesa, determinou que eles teriam o direito de receber a totalidade da dívida de US$ 1,3 bilhão, ao mesmo tempo em que os credores que aceitaram o desconto. No dia 30 de julho, o governo argentino terá que depositar US$ 2,2 bilhões de dólares para saldar ambas as dividas.
Há ainda outro agravante, na negociação com os credores que aceitaram dar desconto, foi definido em contrato que caso alguém recebesse o valor integral, a decisão poderia ser estendida a todos que demandassem. Com isso, a Argentina teria que pagar US$ 15 bilhões, o que é mais da metade de toda a sua reserva de dólares, que é de R$ 28 bilhões.
Amazonas exportou US$ 283 mi em 2013
A Argentina é o principal destino das exportações da indústria instalada no Amazonas, sendo responsável, em 2013, pela comercialização de US$ 283,5 milhões em produtos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
As principais demandas são por aparelhos e lâminas de barbear, televisores e motocicletas, especialmente entre 125 e 250 cilindradas, que corresponderam por US$ 95 milhões das exportações do passado, segundo informou a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
De acordo com a autarquia, o momento é de cautela, mas os resultados comerciais deste ano apontam para uma superação da crise. “O momento por que passa a Argentina merece atenção, claro, mas há de se ressaltar que o volume de exportações do PIM, no período de janeiro a maio deste ano, no total de US$ 108 milhões, permanece estável na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, US$ 107 milhões. Isso pode ser entendido como positivo, uma vez que os principais produtos exportados pelo PIM não foram afetados diretamente”, informou, em nota, a Suframa.
De acordo com o economista Francisco Dorto, o país vizinho não tem intenção de desonrar seus compromissos, o que ficou demonstrado com o depósito de US$ 1 bilhão feito na última semana, antecipando parte do pagamento. Mas se a Justiça decidir pela execução da dívida, a Argentina não terá como pagar, o que afungentará os investimentos externos.
“Se um defaut (calote) for evidenciado e secarem as fontes do financiamento de capital de giro, isso vai afetar não apenas a ZFM, mas toda a América Latina, pois é um país que possui fortes relações comerciais em todo o continente”, avalia.
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