Os buracos são problemas crônicos nas cidades do interior, mas com o período chuvoso eles se multiplicam e as ruas ficam intrafegáveis. Em Feijó, município localizado cerca de 400 km da capital, a situação só é diferente das demais cidades do Estado por que em julho de 2011, o governador Sebastião Viana lançou no município, o programa Ruas do Povo, prometendo pavimentar todas as ruas, um total de 66 até o final de seu governo. O investimento previsto era de R$ 10,8 milhões. Praticamente quatro anos se passaram e a promessa não saiu do papel.
“Eles fizeram uma festa para anunciar o asfalto aqui”, disse dona Maria, moradora do bairro Esperança, em Feijó.
Nas ruas Alfredo Cordeiro e Osmar Santos a lama é uma dura realidade no cotidiano dos moradores. As reclamações aumentam com o acumulo de lixo, o esgotamento a céu aberto e o crescimento do número de buracos em regiões que foram pavimentadas tanto na periferia como na região que deveria ser cartão postal da cidade, a estrada do aeroporto que se encontra praticamente intrafegável.
“Se andamos pela BR a situação é critica, se deixamos turistas no Aeroporto enfrentamos a mesma realidade, gastamos um absurdo com a manutenção de nossos carros”, disse um taxista que temendo perseguição, pediu para não ter seu nome revelado.
OBRAS FORAM INVESTIGADAS – Feijó está entre as cidades que foram investigadas pela Policia Federal durante o inquérito do escândalo que ficou conhecido como G7. Segundo relatório, os crimes cometidos pelos gestores do programa Ruas do Povo e pelas empreiteiras responsáveis, vão desde subcontratação de obras, falsidade ideológica, desvio de recursos públicos e pagamentos por obras não executadas.
A PF detectou ainda, que vários pagamentos vultosos foram realizados no período eleitoral de 2012, levantando suspeitas que o dinheiro que deveria ser aplicado no programa foi desviado para bancar a campana eleitoral [de prefeito] dos candidatos da Frente Popular e do Partido dos Trabalhadores (PT). As empresas responsáveis pela execução das obras receberam valores antecipados e de acordo com as investigações, não entregaram as ruas que deveriam ser pavimentadas.
Treze dias após a deflagração da Operação G-7 uma equipe do Banco Nacional de Desenvolvimento Sustentável (BNDES) esteve no Acre para fazer uma vistoria técnica e monitoramento de obras financiadas pela instituição. Durante três dias, os técnicos estiveram em Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul. Obras do programa Ruas do Povo, que prevê pavimentação com rede de água e drenagem de vias urbanas, passaram pela fiscalização.
Um relatório de fiscalização foi prometido pelo Tribunal de Contas do Estado em julho do ano passado, mas segundo informações, o mesmo ainda não foi concluído. A relatoria é do conselheiro Antônio Malheiros.
O OUTRO LADO:
Procurado, o Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) esclareceu que nas ruas Alfredo Cordeiro e Osmar Santos, as redes de drenagem e distribuição de água foram concluídas, faltando apenas parte da pavimentação da primeira citada e toda a segunda.
Com relação ao atraso no cronograma de execução das obras, o Depasa culpa a empresa vencedora do contrato. Das 60 ruas contratadas, apenas 29 foram entregues. Ainda de acordo o órgão, o governo toma “as sansões administrativas cabíveis no contrato, para desta forma resolver esse problema o mais rápido possível”. O nome da empresa foi preservado pelo Depasa.
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