Para o comando uma simples rotina. Para a Associação dos Bombeiros, desvio de função. Um caso bastante conhecido dentro dos quarteis militares vira polêmica e vai se transformar em um amplo debate. Há reclamações de militares que são obrigados a desentupir fossas sem os equipamentos de proteção e higiene necessários e obrigados a executar serviços de capinagem e limpeza externa, que, em tese, deveriam ser executados pela SENSUR ou DERACRE.
Além de atuar nos eventos de defesa civil e segurança pública, durante as enchentes, os incêndios urbanos e rurais (vegetação), em deslizamentos, no SAMU, na proteção aos aeroportos, nos serviços de fiscalização de estabelecimentos comerciais, remoção de famílias carentes para a Cidade do Povo, os bombeiros militares estão sendo obrigados a desenvolver atividades para as quais não foram contratados.
Um dos citados pela Associação de Praças e Bombeiros (Aprabmac) de “humilhar soldados forçando-os a atividades em desvio de função” é o Major James Clei. Além desse fato, a associação quer saber como e onde são gastos os recursos publicados em Diário Oficial que afirmam pagamentos a uma empresa terceirizada que “ganha para executar esses serviços de limpeza e manutenção predial”, acrescenta a associação.
“Outro fato é que a lei do efetivo militar prevê que deveriam existir 1.701 bombeiros no Estado do Acre, mas há somente 510. Assim, não é lógico que dezenas desses militares estejam sendo empregados em atividades que não sejam de defesa civil e segurança pública, pois há uma piora no déficit de bombeiros prestando serviços à sociedade quando são empregados em missões que destoam da sua finalidade”, disse Abrahão Púpio, diretor da entidade.
Para Pupio, quanto mais bombeiros afastados da sua atividade fim, constitucional, maior a falta deste profissional para socorrer à sociedade. A entidade também questiona a carga horária que até hoje ainda não tem previsão legal e garante que vai entrar em contato com o Coronel Flores para verificar a situação.
“Entraremos em contato com o Coronel Flores, para verificar a situação após falarmos com os militares envolvidos na missão acusada de desvio de finalidade. Em alguns pontos a Constituição brasileira ainda não chegou para os bombeiros militares. Precisamos de um estatuto que defina melhor as atividades do corpo de bombeiros, não podemos assistir o militarismo e a hierarquia justificarem a execução de qualquer ordem. A lei precisa ser superior à ordem, mas no militarismo ainda ocorre o contrário.” Desabafou Pupio.
O sindicalista afirmou que a associação das praças tem bom relacionamento com o Comando e com o Major James Clei, acreditando no diálogo aberto e sincero. Disse ainda que no segundo semestre de 2011 a categoria conquistou junto ao Governo do Estado, durante as negociações por melhores condições de trabalho, a terceirização das atividades de limpeza e manutenção dos quartéis, mas que o Governo só cumpriu uma parte do acordo que foi assinado por 3 assessores especiais do governador: Antônio Monteiro, Gilvandro e Carlos Alberto.
Durante o final de semana o relações públicas do Corpo de Bombeiros não foi encontrado para falar sobre o assunto.