Copa: Ponto de encontro de estrangeiros em SP sofre “alphavillezação”

Um dos palcos preferidos da cobertura da imprensa da presença de torcedores estrangeiros no Brasil, o bairro da Vila Madalena, na Zona Oeste de São Paulo, antes do Mundial já tinha um fluxo de gringos muito acima da média em relação ao resto da capital paulista. Com o torneio, passou a ganhar ares de “aldeia global”.

Estão lá todos os dias carros de equipes de televisão e repórteres-fotográficos registrando a presença de gente do mundo inteiro aboletada em bares (e haja bares na região!) e restaurantes assistindo partidas do Mundial. Vale ressaltar que paulistanos e pessoas do resto do País estão também indo ao bairro, inclusive para assistir jogos da seleção brasileira, onde alguns lugares mais sofisticados cobram consumação mínima de 100 reais por pessoa.

O número de turistas no local cresceu muito nos últimos anos incentivado por guias de viagem que apontam o local com grande quantidade de estabelecimentos para comer e, principalmente, beber, associados à abertura expressiva em tempos recentes de muitos albergues, que atraem jovens em tour pelo País.

Quem frequenta a Vila Madalena já tinha se acostumado com a presença de estrangeiros em bares descolados, como Ó do Borogodó e Mercearia São Pedro, ozaçãou os de patricinhas e mauricinhos, como o Posto 6 e o São Bento. Nos crescentes blocos de Carnaval que saem no bairro também se vê muitos grupos de estrangeiros.

Mas nem tudo são flores. O bairro se valorizou muito nos últimos tempos, parte justamente por conta da transformação do local em um ambiente mais extrovertido da cidade, inclusive com a presença também de espaços de arte e cultura. Com isso, ele tem sofrido uma forte elitização, com o lançamento de prédios de alto padrão em locais que antes existiam somente antigas residências. Também têm surgido prédios comerciais, embora mais despojados e de acordo com atmosfera do bairro.

A presença de condomínios verticais na Vila Madalena vem atender uma parcela de endinheirados que desistiram de morar em condomínios horizontais de Alphaville, cercados de segurança por todos os lados, mas muito distantes do centro expandido da cidade, onde a maioria das pessoas trabalha e estuda, seja pobre ou rica. O fator trânsito está fazendo com que não optem em se refugiar nas bolhas de riqueza no entorno da cidade.

Assim como a Vila Madalena, outros bairros de São Paulo têm passado por processo de “alphavillezação”. Uma parcela desse pessoal tem reclamado muito do barulho e da algazarra do bairro mais boêmio da cidade.

Sei por que moro há 10 anos na Vila Madalena. Devem estar fulos com o fato da localidade se tornar um dos epicentros do Mundial fora dos estádios. Para mim, essa gente toda aqui é motivo de orgulho para o bairro.