Seu João Batista, mestre de obras, 70 anos, disse que sente a mesma emoção de quando começou a jogar em um time de Epitaciolândia, quando era jovem. Neste sábado, ele acordou cedo, caminhou como de costume, organizou as coisas em casa, mas à tarde, colocou a camisa verde e amarela e foi coordenar sua equipe, o time de Angico, um loteamento após o bairro São Francisco, na parte alta da cidade de Rio Branco. “Estar aqui para mim é mesmo que voltar a ser jovem de novo. Estou muito feliz”, falou seu Batista.
Próximo das autoridades, no hall de entrada do vestiário do estádio Arena da Floresta, Gilmar Maranguape, 44 anos, dividia o espaço com os companheiros na hora da apresentação dos atletas para o governador Sebastião Viana, o prefeito Marcus Viana e o vice-presidente do Senado, senador Jorge Viana. Ele fez questão de ajeitar a vistosa camisa do Vila Jerusalém, time que ele vai defender no Copão. “Nunca tínhamos entrando em um campo oficial, aprendemos a jogar nas horas de folga” revelou Maranguape. Ele é auxiliar de laboratório.
De histórias assim, singelas, mas recheadas de sentimento, apego à tradição e força de vontade, se construiu o mais forte campeonato de futebol amador do estado do Acre, que o prefeito Marcus Viana, em entrevista ao ac24horas, comparou ao Copão da Amazônia.
“Temos mostrado que essa parceria do município com o governo do Estado, a Acisa e outros parceiros vem dando certo. O esporte ajuda a retirar o jovem das drogas e une as comunidades. É um grande desafio” disse o prefeito.
Ano passado, a secretaria de esportes uniu as comunidades de diferentes bairros, no que o presidente da Associação Comercial do Acre, Jurilande Aragão – presente na abertura do Copão – chamou de “sucesso estarrecedor”. E parece que ele tem razão. O copão cresceu e este ano apresentou 107 equipes. Serão mais de 2 mil atletas disputando jogos em 14 regionais.
“Iniciativas como essas devem ser repetidas, vamos descobrir talentos no meio dessa garotada”, acrescentou Jurilande.
Será que Jurilande se referia a Ailton Gomes de Lima, o funcionário público que já disputou até a Copa São Paulo e que este ano vai defender o time da Vila Acre? Talvez não apenas do Ailton, mas de todos que entraram na Arena da Floresta e que além do esporte, precisam trabalhar duro. Que não saem em jornais ou revistas, mas que vestiram a camisa de seus times por paixão.
“Minha família está na arquibancada, às vezes eles não entendem o tempo que dedicamos aos treinos, os gastos com a compra de nosso próprio material, mas hoje para meus filhos é um orgulho me ver aqui dentro desse campo”, disse José Carlos.
Todas essas conciliações não são nem um pouco simples, mas mesmo assim, a dedicação e o foco não mudam. Existem altos e baixos, como tudo, mas eles estão sempre marcando presença, justificando o amor que o brasileiro tem pelo futebol.
“Afinal de contas, todo jogador profissional já foi um amador”, disse João Batista.