Nunca nutri muita simpatia pelo ex-presidente Lula e muito menos por Jorge e Tião Viana. Sempre desconfiei que a máscara da arrogância – e da soberba- que ambos carregam, escondia elevado grau de incompetência e também enorme descompromisso com os valores mais requisitados no ambiente do interesse da coletividade.
O que irei revelar agora é de estarrecer, revoltar e entristecer ao mesmo tempo. Diz respeito àquele que considero o maior flagrante do fracasso de um projeto – só de poder – que sempre se sustentou muito mais na mordaça e no engano do que na eficiência e na legitimidade. Estou me referindo ao preço elevadíssimo que fomos – e ainda podemos ser por alguns anos – obrigados a pagar em razão dos transtornos decorrentes do isolamento.
A ponte sobre o Rio Madeira, no Distrito de Abunã, conforme já frisado em outro artigo, integra, com PRIORIDADE, o chamado eixo 08, da “Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA)”, que é programa conjunto dos governos dos 12 países da América do Sul . Visa a promover a integração sul-americana através da integração física desses países, com a modernização da infraestrutura de transporte, energia e telecomunicações, mediante ações conjuntas.
No caso da obra da ponte do Abunã, em especial, o objetivo dela no âmbito do IIRSA, é consolidar a integração da chamada tríplice fronteira (Peru- Brasil- Bolívia). Pois bem, apesar da referida obra carregar todos esses requisitos de prioridade, mesmo assim, ainda não conseguiu sair do papel, tendo sido, acreditem, preterida – na escala torta do conceito de prioridade dos petistas – pela obra de construção da ponte sobre o mesmo Rio Madeira, na BR-319, em Porto Velho.
A ponte do Madeira em Porto Velho, por mais inacreditável que possa parecer, apesar de não ser prioritária no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) e também não integrar nenhum eixo da “Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA)”, conseguiu receber tratamento preferencial em relação à ponte do Abunã que, como sabemos, é vital para todos nós acreanos.
O mais grave é que tal ato se deu em ambiente de absoluto descumprimento do que restou acordado no IIRSA com todos os países da América Latina. Uma verdadeira vergonha que talvez só se justifique porque a iniciativa foi idealizada ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Trocando em miúdos, o interesse nacional, bem como o interesse latino americano, não foram suficientes para garantir que o ex-presidente Lula, e também a Dilma, tratassem o empreendimento com o respeito e a prioridade que o mesmo merece. Em síntese: Rondônia está prestes a inaugurar uma obra nos mesmos moldes que nem ao menos é prioritária era no âmbito do PAC.
Já nós, os acreanos, vítimas que somos, ainda não conseguimos retirar do papel a nossa tão sonhada ponte que, em tese, deveria ser tratada com prioridade dupla, por ser prioritária tanto no IIRSA quanto no PAC.
Para finalizar, segundo informa o próprio IIRSA que, inclusive, teve que reprogramar a obra, a licença de instalação foi dada em 11 de março de 2009. Como o prazo da obra é de pouco mais de três anos, caso o cronograma não tivesse sido destruído pela incompetência e pelo desinteresse do governo Lula, a obra já estaria pronta há um bom tempo. Infelizmente, a corrupção e o descaso falaram mais alto. Edinei Muniz é advogado e professor