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Após tragédia no Manoel Julião CIOSP não para de receber denúncias de novos armazenamentos clandestinos de cilindros com acetileno em Rio Branco

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Eram 14 horas do dia 13 de maio. Um cilindro de acetileno explodiu dentro de uma casa no conjunto Manoel Julião, em Rio Branco, fazendo uma vítima fatal, o senhor João Batista de Alencar, dono do imóvel. Dois filhos de João Batista – Nicolas Alencar Gomes e Cristian Alencar Gomes – foram resgatados com vida pelo Samu. Outra vítima, o senhor Francisco Alencar, pai de Batista, saiu ileso com sua neta, Nicole Gomes Alencar. O impacto da explosão foi sentido em um raio de 2,5 km. A tragédia que abalou a capital do Acre pode ser apenas a ponta do iceberg e alerta para um perigo: o armazenamento e manuseio de produtos inflamáveis, um campo amplo e diversificado, uma bomba relógio que pode estar ao lado de sua casa.


Três dias depois da tragédia, às 08h15, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) recebia mais uma denúncia do armazenamento clandestino de cilindros em Rio Branco. Homens do Corpo de Bombeiros (CB) removeram mais uma carga do produto altamente inflamável semelhante à que provocou o acidente no Conjunto Manoel Julião.


prédio suspeitam

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Rua Francisco Chagas, bairro das Placas. Prédio abandonado onde funcionava uma Igreja foi denunciado como um dos depósitos clandestino de cilindros. Vizinho ao prédio existe dezenas de apartamentos alugados. O sargento Peixoto, do CIOSP, confirmou o registro de várias denúncias do armazenamento clandestino de cilindros, mas não soube informar se tal ocorrência foi verificada pelo CB.


O professor José Chaves, que mora no local, disse que os vizinhos estão se mobilizando para pedir providências do Corpo de Bombeiros. “Já vimos o carro descarregando cilindros no prédio, como trabalhamos o dia todo, não temos como ficar monitorando. É preciso fazer alguma coisa, tememos que o pior aconteça”, disse o professor.


Em entrevista ao ac24horas, o Major Eudemir, relações públicas do batalhão, revelou outro dado: o órgão não sabe quantas empresas existem no Acre relacionadas ao tipo de negócio que provocou a explosão no Conjunto Manoel Julião. A promessa, a exemplo do que aconteceu após a tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em fevereiro do ano passado, é de uma varredura nos atestados de vistorias técnicas.


“Nossa comunidade é muito vulnerável de informações sobre esse tipo de negócio, com a tragédia as pessoas resolveram ligar para denunciar. Vamos dar vasão a todas as demandas, seja com o pessoal de plantão, seja com o corpo de atividade técnica”, prometeu.


O que se seguiu à comoção pelas vítimas no Rio Grande do Sul, em fevereiro do ano passado, e agora, com as vítimas da explosão no Conjunto Manoel Julião — e persistirá, ainda por algum tempo — foi a busca de explicações para o ocorrido. Muitos consideram que houve uma fatalidade passível de acontecer em qualquer outra localidade do País.


Mas até que ponto as normas de segurança estão sendo totalmente implementadas?


O Corpo de Bombeiros tem um número de profissionais suficiente para executar a tarefa de fiscalização?


Tem equipamentos para combater, por exemplo, incêndios nos prédios mais altos da capital?


O crescente processo de verticalização pelo qual passa Rio Branco coloca também em discussão a eficiência dos sistemas preventivos contra incêndio e pânico voltados para os edifícios. Na cidade, alguns prédios – principalmente os mais antigos – ainda não se adequaram aos projetos de prevenção contra incêndio e pânico. Além disso, os moradores desse tipo de imóvel questionam o fato de o Corpo de Bombeiros não possuir escada magirus, utilizada para o combate a incêndio em prédios mais altos.


“É um ponto fraco que ainda temos amenizado pelo helicóptero que pode salvaguardar algumas vidas, mas um prédio desse entrando em chamas nós vamos ter grandes dificuldades por falta da escada magirus”, alertou o MB de relações públicas.


prédios antigos


Em visita feita aos prédios do Conjunto Manoel Julião, considerado de habitação multifamiliar, a reportagem não constatou as adaptações previstas em legislação atual. A assistente social Tatyane Cunha, moradora do Bloco B6, disse que não existe no prédio um único extintor de incêndio. A legislação prevê além de extintores, luz de emergência, jato de água que atenda a todos os apartamentos e uma reserva técnica de incêndio de no mínimo 5m³ para o uso dos bombeiros.

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“Deus nos livre acontecer algum incêndio aqui; estamos entregue à própria sorte porque equipamentos preventivos não existem”, acrescentou Tatyane,


Nos modernos prédios construídos nos últimos dois anos, o CB assegura que em termos de normas de segurança eles preenchem todos os requisitos. O grande questionamento é a funcionalidade do sistema de prevenção no combate a incêndio e pânico (APCIP) que deve ser revisado a cada ano.


“Evitem usar as saídas de emergências com armazéns e colocar obstáculos por onde deve acontecer uma fuga em caso de incêndio ou pânico”, recomendou o Major Eudemir.


Diante das denúncias de utilização da reserva técnica de incêndio, a recomendação é de fiscalização dos moradores a esta norma. O reservatório de água pode ser fundamental na hora de um combate.


“Tudo isso se torna em elemento de prevenção e caso tenhamos que agir ajudam em nosso trabalho”, concluiu.


Todos os prédios residenciais e comerciais, exceto os de habitação unifamiliar, têm de receber pelo menos uma vez por ano a fiscalização dos bombeiros. As exigências variam de acordo com o tamanho do edifício, a área ocupada e o tipo de ocupação.


Mas esse combate não se resume apenas aos órgãos fiscalizadores. A tentativa de diminuir os impactos de possíveis incêndios e outras catástrofes exige a participação da sociedade. O CB alerta para o fato de que os síndicos devem promover treinamento regulares, que podem incluir até simulações, para quem more ou trabalhe em edifícios.


Boa fé de Sebastião Viana não foi entendida em Brasília


Segundo relações públicas do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, Major Eudemir, o governador Sebastião Viana tentou comprar a escada magirus, mas a iniciativa foi frustada.


De acordo com o que a reportagem apurou – o equipamento utilizado tradicionalmente para combate ao fogo e resgate de vítimas em edifícios que estejam encurraladas – deveria ter sido entregue na solenidade do dia 12 de maio, presidida pelo governador Sebastião Viana em frente ao Palácio Rio Branco.


O ato só não foi concluído porque técnicos do Fundo da Amazônia, que tem a finalidade captar doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação e do uso sustentável das florestas, não aprovaram a mudança no projeto do governo do Acre que adquiriu equipamentos individual, de logística, kits de combate a incêndio e mergulho, um investimento de R$13 milhões.


Informação extraoficial afirma que além de não conseguir adquirir a escada magirus, o CB perdeu recursos para mais quatro caminhões.


Neste caso, mesmo apresentando um projeto que apresentava desvio de finalidade de recursos, Sebastião Viana teve uma visão além do habitual e uma sensibilidade fora do comum, mas foi incompreendido. A burocracia que impediu a aquisição da primeira escada magirus para o Acre pode ser a responsável por perdas de vidas.


 


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