Um levantamento ainda em andamento pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) revela que uma grande área de floresta da colocação Campo Alegre, na BR 317, sentido Rio Branco/Xapuri, no Acre, foi derrubada ilegalmente. Dos 3.153 hectares, 1.275 foram destruídos. Em entrevista ao ac24horas, o chefe da divisão de desenvolvimento do INCRA, Hildebrando Veras, suspeita da devastação e não descarta a dobradinha entre sem-terra e grupos interessados no comércio clandestino de madeira. O Sindicato das Indústrias Florestais do Estado Acre, fala da existência de 50 depósitos de madeira em Rio Branco. “Alguém está abastecendo esses depósitos”, disse Adelaide Fátima. A Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) denunciou a devastação ao Ministério Público. Segundo José Chaves, “os moradores identificaram os autores da derrubada, mas se sentindo ameaçados eles têm medo de revelar os nomes”. A entidade apoia os produtores que estão morando às marges da BR 317.
Segundo levantamento do INCRA, em março de 2012, na primeira invasão existiam 79 famílias. Em junho de 2013 o número praticamente dobrou, tinham 132 famílias. Hildebrando conta que o ex-superintendente, Idézio Lima, abriu um canal de negociação.
“Readequamos o projeto em parceria com o governo do Estado e a Câmara Técnica do INCRA para atender os que tivessem maior risco social”, acrescentou.
Das 132 famílias, apenas 78 se enquadravam no perfil de reforma agrária exigido pelo governo federal. Do total de 740 hectares, 50 lotes foram distribuídos para o assentamento de repatriados da Bolívia – proposta inicial da reforma agrária na região.
No dia 22 de setembro de 2013, o INCRA demandou um novo levantamento e encontrou mais 70 famílias invasoras. A notificação de reintegração de posse veio dia 31 de março deste ano. O prazo para retirada era de 20 dias.
“Por isso afirmo que existe uma política de incentivo à invasão. Mesmo colocando caminhão à disposição das famílias que deveriam sair do local, ocorreu um efeito contrário. Chegaram mais famílias”, comenta Hildebrando.
Um acordo entre o Ministério Público Federal, o INCRA e a Associação de Moradores permitiu o parcelamento de 12 famílias na área de
“O desmatamento nessa região aumentou de acordo o número de invasores. A ideia agora, com a regularização é trabalhar com os posseiros, o passivo. Plantar culturas que sirvam como reflorestamento em 50% da área. Queremos plantar o açaí, a seringa e outras espécies”, explicou o chefe da divisão.
Os conflitos desse assentamento estão resolvidos. Mas segundo o INCRA, 11 mil pessoas estão na lista de espera por uma área de terra. Desses, 5 mil estão ocupando fazendas em áreas de conflitos do Capatará (Plácido e Capixaba), Fazenda Jéssica e Porto Luiz (Acrelândia), Seringal Merces (Sena Madureira/Bujari) e Seringal Itamarati (Transacreana).
“Outros cinco mil estão cadastrados no INCRA”, disse Hildebrando.
Em 2014, apenas 937 famílias foram assentadas. Para o funcionário do INCRA é preciso reformular as leis de reforma agrária no Brasil. “O processo ainda é muito lento”, concluiu.
Indústria Madeireira quer maior investigação do IMAC
O sindicato das indústrias madeireiras do Acre afirma que o setor há anos não desmata. “Hoje nem se queima mais no Estado”, comentou a presidente da categoria, Adelaide de Fátima. Ela afirma que é impossível alguém que esteja legalizado agir em parceria com os sem terra e denúncia a existência de grupos se passando como madeireiro “e que tem apenas um motosserra bancando esse tráfico de madeira”.
Segundo Fátima o setor de indústria está quebrado. Existem apenas 13 funcionando em todo o Estado e que mais de 50 depósitos estão espalhados em Rio Branco. “Alguém esta abastecendo esse comércio ilegal”, acrescentou.
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