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Campeonato acreano de futebol profissional tem números vexatórios e estádios praticamente vazios

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Média de público de 300 torcedores é a mais baixa dos últimos anos. Torcida fanática do Náuas deu a maior renda até agora para o Estadual, em Cruzeiro do Sul.


O cenário de público no futebol acreano não é tão animador quanto os investimentos feitos pelo governo do Acre no setor e, individualmente, pelos recursos aplicados pelos oito clubes que participam do grupo de elite da primeira divisão do futebol acreano. De quem é a culpa pelo desinteresse do torcedor pelos jogos? Eles continuam sem acreditar nos times locais? A falha é de mídia? Qual o legado da Arena da Floresta?


Essas e outras perguntas serão respondidas por torcedores, treinadores, desportistas, cronistas, jornalistas, gestores do esporte acreano. Uma série de materias vai abordar também a Copa do Mundo 2014, as expectativas em torno da participação da seleção brasileira na maior competição de futebol do mundo que acontece no Brasil a partir do dia 12 de junho.

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Na primeira série de reportagens, o ac24horas foi às ruas, aos estádios, consultar o humor do torcedor – que pagou caro pelas obras da Arena da Floresta, a Arena do Juruá, a Arena de Tarauacá, o Florestão – que paga caro pelo bicho anual destinado aos clubes, a manutenção dos estádios e que não vai ao estádio de futebol. No ano da copa do mundo no Brasil, o campeonato acreano tem uma das piores médias de público (300 torcedores por jogo), números vexatórios e arquibancadas vazias.


ENQUETE 2


O flamenguista Antônio Gadelha é um dos fieis torcedor do Rio Branco, no Acre, que tem dificuldades de ir ao estádio prestigiar a equipe. Além dos horários dos jogos, ele reclamou da qualidade técnica dos jogadores.


“Não temos jogadores de qualidade. Falta incentivo da iniciativa privada em apoio aos clubes. Acredito que quando melhorar a qualidade do futebol e das competições, o torcedor vai voltar aos estádios”, disse o autônomo Antônio Gadelha.


No calçadão do Terminal Urbano encontramos outro torcedor do Estrelão, esse um pouco mais desacreditado. Sérgio Pinheiro não vai aos estádios porque não crer na reabilitação do Rio Branco na série C do campeonato brasileiro.


“Ele só ganha o campeonato acreano. Esse ano está em segundo. Não acredito mais que o Rio Branco possa chegar à série C”, opinou.


O funcionário dos Supermercados Araújo, Jefferson Linhares, não tem tempo de ir aos estádios, mas acredita no sucesso do futebol acreano. Simpatizante pelo Plácido de Castro ele deu seu palpite: “o governo deveria ajudar todos os clubes e não somente o Rio Branco”, concluiu.


A proposta feita por Linhares é a mesma apresentada ao governador Sebastião Viana pelo subsecretário de esportes, Petronilo Lopes (o AQUINO LOPESPelezinho). Até 2013, o estado desembolsava R$ 45.000 para os três times primeiros colocados no campeonato de futebol profissional.


“Este ano conseguimos dividir o bolo de forma igual para os oito clubes da primeira divisão, cada um vai ganhar R$ 45.000”, disse Pelezinho.


Os R$ 360.000 de repasses aos clubes é apenas parte dos investimentos que o governo do Acre vem realizando no setor. Em 2013, somente com a manutenção dos estádios Arena da Floresta e Arena do Juruá, o desembolso foi quase de meio milhão de reais (R$ 403 mil) “para deixar os espaços conforme exigido pelo Ministério Público”, acrescentou Pelezinho. Este ano, segundo dados da Subsecretaria de Esportes, foram mais R$ 232 mil de manutenção da Arena da Floresta e R$ 69 mil da Arena do Juruá.


Mas como diz o velho ditado popular: “casa grande, trabalhos grandes”. Os investimentos necessários para a realização de futebol profissional vêm encontrando a contrapartida do estado e da Federação Acreana de Futebol. A maior tarefa dos clubes, associação de cronistas e a própria federação agora, é a de levar o torcedor para o estádio.


Os resultados proporcionados pelos clubes têm sido vexatórios. Em 2013, o único time acreano na Série C do campeonato brasileiro, o Rio Branco, após uma longa batalha judicial, foi rebaixado. Este ano, mergulhado em uma crise financeira, o time foi eliminado na primeira partida pela Copa do Brasil. O estádio Arena da Floresta recebeu um dos maiores públicos pagante de 2.096 torcedores, com renda de R$ 36.670,00. Com melhor campanha, o Plácido de Castro deixou a classificação escapar nos últimos quatro minutos de jogo, contra o Figueirense, no Paraná.

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façanhaEm jogos regionais, a média de 300 pagantes só não é pior por que no interior, o torcedor fanático do Náuas, tem comparecido em massa para prestigiar a sua equipe. Os dois jogos na Arena do Juruá, em Cruzeiro do Sul, tiveram públicos recordes. No último duelo, entre Náuas e Atlético Acreano, a venda de 1.000 ingressos limitados pelo Ministério Público, se esgotou.


Com olhos grudados na divulgação pela TV da lista de convocados para a Seleção Brasileira, o presidente da Federação Acreana de Futebol, Antônio Aquino, foi curto e objetivo ao conceder entrevista para o ac24horas sobre o tema.


“A televisão está afastando o torcedor dos estádios”, disse o presidente da Federação Acreana de Futebol, Antônio Aquino.


Depois de cinco anos construindo o Estádio que leva o seu próprio nome: Antônio Aquino Lopes, apelidado como Florestão, o presidente da federação não esconde seu descontentamento com a falta de público.


“Estamos disputando com Neymar, com Messi, todo mundo tem uma sky, quem vai ao estádio?”, questiona Aquino.


Para ele, “quem tem de levar o torcedor ao estádio são os clubes. A federação vem fazendo a sua parte que é organizar a competição”, acrescentou.


A Associação dos Cronistas Esportivos do Acre, presidida pelo jornalista Manoel Façanha, vai realizar uma campanha na fase final do campeonato acreano, prevista para acontecer antes da Copa do Mundo, que objetiva levar o torcedor para assistir os jogos finais do certame.


PELEZINHO“Vamos fazer a segunda reunião com a Federação, a proposta é levar brindes, sorteio de camisetas e atrair mais torcedores para esta fase final”, acrescentou Façanha.


A campanha aposta no incentivo da Copa do Mundo. Outra iniciativa deve acontecer por parte da subsecretaria de esportes. Petronilo Lopes (o Pelezinho), quer fazer um grande seminário com o que classifica de “amantes do esporte” para diagnosticar os problemas e através de um amplo debate, trazer o torcedor de volta ao campo.


“Nós estamos fazendo a nossa parte, mas o atleta precisa voltar a ter o amor pela camisa, a paixão, colocar o pezinho no chão e saber que eles representam não apenas o clube, mas o estado. Isso deve ser pensado através de um grande debate”, acrescentou Pelezinho.


Enquanto nada acontece – nem o “bicho” prometido pelo estado foi pago – os clubes continuam sem lucros e os estádios cada vez mais vazios.


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