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A herança política de Orleir Cameli

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Um ano depois de falecer o ex-governador do Acre Orleir Cameli continua a ser um personagem político importante. A sua marca principal foi o empreendedorismo. Não era de muita conversa e nem de reuniões intermináveis. Falava “na cara” o que pensava dos seus interlocutores. Isso lhe trouxe muitos problemas na sua curta carreira de político que se resumiu à prefeitura de Cruzeiro do Sul e o Governo do Estado. Criado no seringal, homem de lida, não tinha paciência para as articulações do poder. Queria logo fazer as coisas acontecerem e pagou um preço alto. Respondeu a processos até os seus últimos dias na terra. Mas é inegável que deixou um legado que não será esquecido. Orleir teve a ousadia de pegar um traço feito por algum engenheiro do BEC no mapa do Acre, nos anos 60, e o transformou numa estrada ligando os Vales do Acre e do Juruá. Por isso, foi muito perseguido e a ironia é que o mesmo grupo político que criou todos os embaraços para a obra faz atualmente da BR 364 a sua principal bandeira política eleitoral. Vai entender.


Orleir_400Visão futurista
Orleir Cameli foi o governador acreano que mais avançou na integração social do Estado. Pavimentou os trechos da BR 364 unindo Rio Branco a Sena Madureira e Cruzeiro do Sul ao rio Liberdade. Além de unir a região de fronteira com a Capital através da BR 317, obras feitas com recursos próprios do Estado.

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Quem tinha medo de Orleir?
A questão principal da atuação de Orleir era que se conseguisse realizar o seu intento de integração se tornaria um político muito poderoso. E havia uma elite acreana, já de olho no poder, que não queria que isso acontecesse.


Mistérios da política
Orleir não tinha sustentação política nem na Aleac e nem na bancada federal acreana. Ainda assim conseguiu realizar ações que ficaram marcadas. Tinha grandes possibilidades de ser reeleito, mas os problemas políticos que teve na sua gestão criaram o desânimo que o fez abandonar a política para sempre.


Quem é quem
Sem dúvida o herdeiro político de Orleir Cameli é o seu sobrinho Gladson Cameli (PP) que criou paixão pela vida pública convivendo com o tio governador. Se vai conseguir repetir os feitos de Orleir e avançar ainda mais só o tempo dirá.


Outra herança
Os filhos de Orleir escolheram o caminho empresarial. Talvez escaldados pelo sofrimento que assistiram do pai nenhum se aventurou pela política.


A verdadeira história não se muda
A história de um povo é escrita dentro do coração de cada um. Por isso, os regimes fascista que tentaram mudar a história dos seus países sempre terminaram mal. Aqui no Acre também houve a tentativa de se plantar uma história oficial. Mas o “projeto” fracassou pelo alto grau de politização da população acreana.


Respeito é bom
É preciso respeitar a memória daqueles que fazem a nossa história. É óbvio que todos os governadores acreanos tiveram virtudes e defeitos. Mas cada um deu a sua contribuição para a construção dessa terra amazônica.


Ilusão
Confesso que morando há apenas 12 anos no Acre, por um tempo, eu mesmo tive a sensação que os governadores antes das gestões da FPA eram todos um “desastre”. Mas graças ao jornalismo e a convivência com o povo acreano, ouvindo relatos, descobri que foram muitos os que ajudaram e não apenas três.


Grito na garganta
Podem ter a certeza que a tentativa de ocultar e reverter a história do Acre ainda vai ter um custo alto para quem teve essa intenção. A liberdade é inerente ao ser humano e quando as pessoas tomam essa consciência a mudança é inevitável.


Reflexão
Não vivi no Acre durante o Governo de Orleir Cameli. A sua história política sei por depoimentos e narrativas que ouvi nos 10 anos em que morei no Vale do Juruá. Quero frisar que também ouvi coisas negativas sobre ele, como atrasos de pagamentos da educação, sem falar em acusações “pesadas” que nunca foram provadas. Mas foi convivendo com Orleir, conversando muito com ele, que entendi um pouco do que aconteceu no Estado. Orleir uma vez me confessou que o seu maior erro foi montar uma equipe de gestão com alguns assessores que lhe traíram a confiança. Alijado do poder do político, Orleir teve ainda que se submeter a alguns adversários para manter a estrutura empresarial que montou e que, em alguns momentos, chegou a ter dois mil pais de famílias empregados. Ele sabia do seu papel, da sua missão e, engoliu muita coisa a seco. Mas não se enganem, Orleir conhecia bem quem eram os seus verdadeiros adversários. Mantinha uma convivência para não naufragar na sua missão de empreendedor. Agora, o fato mais importante sobre a história de Orleir: ele viveu e foi amado pelo seu povo do Juruá como bem poucos políticos conseguiram.


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