Produtores dos ramais Antimary (na Transacreana) e Linha 5 (em Plácido de Castro), procuraram o Ministério Público Estadual para denunciar as péssimas condições dos ramais e o desvio de óleo diesel na recuperação das vicinais.
No ramal Antimary, na Estrada Transacreana, em Rio Branco, centenas de crianças andam em lombo de cavalo ou em cima de uma carroceria de trator para chegar à escola. O vice-presidente da Associação, Wendel do Vale disse que não tem transporte escolar.
“Às vezes nem de cavalo se consegue andar. Não colocaram uma caçamba de piçarra neste ramal, por isso estamos nessas condições hoje”, disse o presidente.
A denuncia protocolada no órgão ministerial informa o desvio de óleo diesel. No ramal que tem mais de 15 km, apenas quatro recebeu recuperação que os produtores garantem que foi de péssima qualidade. O projeto era para implantação de obras de arte de corrente, bueiros e especiais pontes de madeira, um investimento de R$ 1,06 milhão.
As reclamações chegam de toda parte. No ramal linha 5 da AC 040, sentido Senador Guiomard/Plácido de Castro, existe transporte escolar, mas o sofrimento dos alunos para chegarem à escola é semelhante aos da Transacreana.
Relata o senhor Manoel de Jesus, que todos os dias praticamente, os pais se mobilizam para empurrar o ônibus que conduz os alunos às escolas São João, no km 8 e Escola Flávio Barros, km 75. O ramal que tem 17 km está em péssimas condições. Por lá também existe indícios de desvio de combustível.
“Sabemos que veio 58 mil litros de diesel para a prefeitura fazer a recuperação desse ramal e por aqui não chegou uma máquina,” diz o senhor Manoel.
Com a ajuda de um trator, o ônibus escolar é puxado dos atoleiros que se formaram no ramal. Mais de 60 famílias – a maioria produtora de leite – mora na região. “Muitos filhos desistem de estudar por causa dessa situação que vocês estão vendo”, acrescentou o produtor.
Há um ano o município anunciava a recuperação de ramais na região da Transacreana afirmando que a manutenção dada no período chuvoso, com sete patrulhas, garantiu a acessibilidade e o escoamento da produção mesmo no auge do inverno Amazônico. O serviço não agradou os produtores do ramal Antimary.
A denuncia acontece no momento em que o governador Sebastião Viana trava uma luta com a Justiça do Acre tentando liberar R$ 13,5 milhões para a compra de 5 mil bicicletas elétricas da empresa Engeplan Importação e Exportação, de propriedade do ex-secretário de Estado Cassiano Marques, que segundo a secretaria de educação, beneficiaria alunos da zona rural de Rio Branco.
“Era bem melhor o governo investir esse dinheiro de bicicletas na recuperação de nossa estrada,” pediu Manoel.
O OUTRO LADO:
Segundo o secretário de agricultura e florestas do município de Rio Branco, Mário Jorge Fadell, o ramal fica no Projeto de Assentamento do INCRA, compreendendo as comunidades do Itamarati I e II.
“O ramal tem 15 km de extensão. E está inserido na programação de ramais/2014, a qual será executado pelo Governo do Estado, Via DERACRE; Governo Federal, via INCRA, e Prefeitura de Rio Branco, via EMURB,” garantiu Fadell.
Ele não comentou a qualidade dos serviços que foram executados na região e nem sobre o suposto desvio de óleo diesel denunciado pelos produtores. Ainda de acordo o secretário, a definição de toda a programação será pactuada com os Sindicatos rurais, FETACRE e CUT; e também com as Cooperativas de Produção e Extrativistas.
“O Lançamento do Programa acontecerá nesse mês de maio,” informou.
O secretário de obras da Prefeitura Municipal de Plácido de Castro não foi encontrado para falar sobre o assunto.
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