“A valorização dos povos da floresta ficou apenas nos discursos”, disse a deputada Antonia Sales (PMDB) após retornar de uma viagem de 21 dias pelas comunidades ribeirinhas do Vale do Juruá, “para verificar onde estariam os benefícios dos milhões de reais investidos pelo governo no interior do Acre”.
Segundo a parlamentar, o isolamento e o abandono continuam fazendo parte da vida dos moradores das florestas do Acre. “Pouca coisa mudou na realidade do homem da floresta nos últimos 16 anos. Os projetos que foram iniciados ficaram parados e em alguns lugares nada chegou”, diz Antonia Sales.
A peemedebista afirma que todos os anos visita as comunidades ribeirinhas dos municípios de Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul. Ela garante que os benefícios anunciados pelas administrações petistas ficaram apenas nas peças publicitárias.
“Eles sempre usaram o homem da floresta como bandeira política, mas o povo só é lembrando quando o governador precisa mostrar para outros países, que promove o desenvolvimento sustentável. A verdade é que a falta de assistência do poder público é gritante nas comunidades ribeirinhas”, enfatiza Sales.
Ela informa que está preparando um documentário em vídeo para mostrar as dificuldades de acesso, a falta de serviço de saúde, educação, além dos projetos que foram abandonados pelo governo por falta de assistência técnica. “O dinheiro do povo é jogado no ralo financiando elefantes brancos na mata”.
A deputada diz que dividiu a agenda de viagens pelo interior em duas etapas. Na primeira, ela visitou 120 comunidades. A segunda etapa será dedicada aos municípios de Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul. “Chegou a hora de mostrar a verdade sobre os supostos investimentos do Pró-Acre e Pró-Saúde”.
Antonia Sales destaca que, em Marechal Thaumaturgo, o projeto que foi alardeado pelo governador Sebastião Viana (PT), como a redenção para os produtores de feijão, funcionou apenas no dia em que o gestor visitou o local e fez fotos e imagens para mostrar que estaria incentivando a produção.
“A indústria de beneficiamento de feijão da Coopersonhos, que o governo teria investido R$ 254 mil em maquinário, nunca funcionou. No local há motores que faltam peças, a empacotadeira só funcionou para o governador ser fotografado com pacotinhos de feijão. Ficou mesmo só no sonho”, destaca Sales.
A parlamentar questiona a falta de transporte para os produtores ribeirinhas. “Carregamos canoas na cabeça, a embarcação que eu viajava chegou a naufragar, mas não encontramos nenhum vestígio da presença do Estado para socorrer estas pessoas que vivem completamente abandonadas”, enfatiza.
“Estas pessoas são enganadas ano após ano. O homem da floresta é usado para atrair os olhos do mundo para um projeto de falso desenvolvimento sustentável. O que existe na realidade é muito desvio de dinheiro público e a venda de ilusões para um povo sofrido que acreditou na enganação da florestania”, finaliza Sales.