Olhando para o Rio Madeira enquanto aguardava saída da embarcação que o levaria de volta ao distrito de São Carlos, no Baixo Madeira – de onde saiu há 50 dias por força da enchente-o agricultor Miguel Arcanjo Gonçalves, de 58 anos, tentava encontrar motivação para recomeçar a vida na zona rural.
Tudo que havia plantado foi levado pela água e hoje ele diz ter sofrido um prejuízo de R$ 5 mil reais. Pode parecer pequeno o impacto financeiro, mas para quem retirava o sustento com a venda de mandioca e bananas, será um difícil recomeço. “A água levou tudo, não deixou nada. Minha plantação de banana, mandioca e cupuaçu desceu rio pelo rio. Vi todo o meu esforço ser destruído pela força da natureza. Até minha casa eu perdi. Meu motor de luz ficou enterrado e hoje eu digo pro senhor que não sei por onde vou recomeçar”, disse Arcanjo com os olhos marejados.
Ele é uma das centenas de pessoas que amargam prejuízos na safra em decorrência da maior cheia já registrada no estado.
Nesta terça-feira (29), Miguel Arcanjo retornou para sua pequena propriedade, depois de morar quase dois meses na sala de uma escola pública. “Nossa vida mudou totalmente. Apesar de tudo eu quero voltar pra lá, pro meu cantinho e ver o que será feito. Aqui na cidade não dá, mesmo sem nada prefiro recomeçar lá”, finalizou.
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