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Sabatina à cúpula da segurança pública foi uma embromação

Por
Jairo Carioca

“Não temos efetivo para cobrir todos os bairros de Rio Branco”. O desabafo do subcomandante da Policia Militar do Acre, Cel. Mário Cesar, foi o ponto alto da sabatina feita a cúpula da Segurança Pública do Estado do Acre na manhã e parte da tarde de ontem (23) na Câmara Municipal de Rio Branco. Durante quase quatro horas, o secretários Renir Graebner e Emylson Farias se limitaram a comparar a violência urbana de Rio Branco com a dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Para os operadores do sistema, “uma oportunidade de aprofundar o debate”. Para sindicalistas “um teatro armado”. Mal articulada, nenhum presidente de bairro participou do debate.


Nenhum dos questionamentos feitos até por vereadores da base do governador Sebastião Viana, foram respondidos pelos operadores do sistema de segurança pública. A vereadora Rose Costa (PT), cobrou dados reais. Outro governista, o vereador Marcelo Jucá (PSB), disse que “as estatísticas estão defasadas”. Juntando-se ao coro de sindicalistas que mesmo não sendo convidados foram assistir ao debate, o vereador da Frente Popular, Manoel Marcos (PRB), cobrou mais efetivo nas ruas. “Fico triste quando vejo os PMs dando segurança nos Postos de Gasolina”, comentou Marcos.


O autor do requerimento que convocou a cúpula da segurança pública para o debate, vereador Raimundo Vaz (PRP), disse que nem a palavra do governador Sebastião Viana é respeitada, lembrando que foi determinada pelo governo a presença da Policia Civil na região do Calafate. “Enquanto queríamos debater segurança pública, as policias brigavam”. Na mesa, o vereador colocou a estatística de apenas três dias na região do Calafate. “Tivemos 08 arrombamentos”, declarou Vaz.


Para Rabelo Góes, do PSDB, se o governo do estado tem oferecido todas as condições para o trabalho das policias, “a sensação que se tem é que falta competência nos gestores do sistema”.


Após as perguntas feitas pelos vereadores foi a vez de cada representante se manifestar. Durante vinte e um minutos, dois únicos números revelados pelo secretário de segurança pública Renir Graebner chamaram atenção. O primeiro com relação ao investimento de R$ 1 milhão para aquisição de novos veículos; e o segundo, a participação duas vezes por ano do governador Sebastião Viana com o grupo tático e gestor “para tomar conhecimento dos resultados, necessidades e emendas atendidas”.


O restante de informações colaboradas por Graebner foi genérico. Ele lembrou os fóruns comunitários em todo o estado, a informatização das Policias, o fortalecimento da fronteira e os gabinetes de gestão integrada. Graebner garante que o sistema tem ouvido a sociedade, “falta divulgação no que a Policia está fazendo”, concluiu.


O subcomandante da Policia Militar, Cel. Mario Cesar, mostrou mais uma vez que a Policia do Acre é a que mais prende. Ele destacou na área repressiva, 1.646 prisões efetuadas este ano, a apreensão de 76 armas de fogo e 222 armas brancas e 80 mil atendimentos de ocorrência na capital em 2013. Na área preventiva, o PROERD, criado em 1999, continua sendo o carro chefe para o público juvenil. Segundo Mario Cesar, 120 mil alunos foram formados em todo o Estado. 600 palestras foram realizadas em escolas visando combater o furto e o uso de drogas.


No mesmo sentido, o secretário de Policia Civil se pronunciou. Emylson afirma que a atuação direta da Policia Civil no combate a três ativos criminais: às drogas, apreensão de armas e dinheiro sujo, é responsável pela fomentação dos demais crimes. “É busca pelo território, pelo poder”, acrescentou.


Emylson não revelou a quantidade total de homicídios no Acre como cobraram os vereadores, preferiu comentar que a maioria deles está relacionado ao tráfico de drogas. Comparando o Acre com São Paulo, o Rio de Janeiro e o Ceará, o secretário falou do PCC, da Operação Diáspora, Operação Delivery, a prisão de 34 pedófilos e a elucidação de quase 90% dos homicídios.


“Precisamos ouvir as duas pontas da corda”, analisou Emylson.


A sessão terminou com a participação dos sindicalistas que tiveram direito à voz, por volta das 13h35, interpelados a todo instante pelo presidente da Câmara, vereador Roger Correia (PSB). Os questionamentos feitos pelos sindicalistas foram relacionados ao aumento de efetivo no Corpo de Bombeiros e na Policia Militar, a convocação do cadastro reserva e melhores condições de segurança para os agentes penitenciários.


Sem respostas as propostas dos sindicalistas, os secretários e assessores pousaram para fotografia e saíram pela porta de acesso ao estacionamento da Câmara de Vereadores.



“Não chamo isso de audiência pública. Não teve convocação, convite para os estudantes, OAB, presidentes de bairros, falamos para vereadores que para não ficarem de costas, tiveram que virar as suas cadeiras, não fomos convidados nem para a foto oficial”, disse Abraão Pupio, representante da Aprabemac.


Para o representante dos agentes penitenciários, a audiência foi uma grande encenação. “O que precisamos aqui foi um teatro armado, comparar o Acre com outros sistemas é uma brincadeira. Eu vivo no Acre, queremos combater o crime no Acre, temos cuidar de nosso problema e não querer criticar gestões de outros estados”, falou Adriano Marques, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários.


Mesmo discurso manteve o presidente da AME. “Tiveram discursos evasivos, não era isso que a gente esperava”, disse Isaque Ximenes da Associação dos Militares do Acre.


Quais são as principais causas de tanta violência que deixa as pessoas apreensivas? O que as nossas autoridades devem fazer para trazer um pouco de paz para a nossa população? A violência está relacionada com o funcionamento da justiça, com o nível de estudo e com o nível de pobreza em nosso estado? Com a palavra a cúpula da segurança.


 


 


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Jairo Carioca

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