O prefeito de Manoel Urbano, Ale Anute (DEM), município que fica a cerca de 200km da capital do Acre, é o primeiro da nova safra de prefeitos eleitos em 2012 que pode renunciar nos próximos dias. “Eu ainda tô vendo aqui, estou em processo de decisão. Eu devo renunciar ou ter resposta para isso até o dia 5, depois que fechar a folha de pagamento, mas de antemão lhe adianto que existe 99% de chance de eu sair”, revelou o chefe do executivo municipal ao ac24horas, praticamente decretando a sua saída do comando administrativo.
Ale Anute, que tem 62 anos e é funcionário do município desde a década de 80, revelou que está desiludido com política e com a administração. Segundo ele, “não tem sido fácil” administrar a cidade que tem pouco mais de 8 mil habitantes e que ultimamente vem sobrevivendo apenas da arrecadação do ICMS, repassado pelo Estado, e o do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), receita repassada pelo Governo Federal.
“Tudo o que eu pude fazer pelo município eu fiz. Devo sair, mas estou deixando a cidade toda adimplente com a Receita Federal e Eletroacre. Eu saio, mas deixo a casa arrumada. Eu peguei uma cidade onde o funcionalismo tinha meses de salários atrasados e eu comecei a deixar nos eixos, mas as brigas políticas tem me deixado decepcionado. Eu venho de uma origem de pessoas honestas, de caráter e decentes e descobri que ser prefeito não é pra mim. Eu não tenho paciência para ficar enfrentando mentira dos opositores que não são beneficiados com a minha administração. Tem muita gente querendo”, desabafou.
Perguntando se seria apenas a guerra política travada no município que faria abandonar a prefeitura, Ale disse “que o que mais deixou ele triste e desanimado é o fato de ter que demitir funcionários efetivos da prefeitura”. Segundo ele, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, a receita do município estaria com mais de 60% comprometida com o pagamento do funcionalismo e seria necessário demitir cerca “80 pais de família que não tem culpa de nada”.
“Como eu vou demitir essas pessoas. Vivo num município pobre, onde a maioria das pessoas são pobres, que tem apenas o seu salário para sobreviver. Como vou chegar e determinar que essa pessoa não trabalhe mais, ainda mais sendo efetivo? Eu não quero andar escoltado na rua não. Por isso que tô deixando esse problema para outro, eu não tenho coragem de fazer isso”, declarou o prefeito.