Primeiro secretário da Câmara, o deputado Marcio Bittar (PSDB-AC), defendeu nesta quinta-feira, 10, a imediata instalação da CPI da Petrobras para apurar uma série de denúncias envolvendo a estatal. “É gravíssima a enxurrada de escândalos e o Parlamento não poderá mais ficar de braços cruzados”, afirma Bittar. Da bancada do Acre, Bittar foi um dos primeiros a assinar o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar as suspeitas de irregularidades na Petrobrás e não há mais razão para se postergar o início das apurações.
De acordo com Bittar, a estatal apresenta desde 2012 um péssimo desempenho e se tornou a empresa não financeira mais endividada do mundo, com balanços maquiados por manobras cambiais. Em março, a credibilidade da estatal foi ainda mais abalada com o surgimento de denúncias de que funcionários teriam recebido propinas de uma empresa holandesa que aluga navios-plataforma. Em seguida estoura o escândalo da compra da Refinaria Pasadena, no Texas (EUA).
A empresa belga Astra Oil vende metade da refinaria à Petrobras. O lucro foi de 1.590% em um ano, em uma valorização absolutamente anormal. Mas o pior ainda estava por vir. Havia no contrato uma cláusula que obrigava a Petrobrás a adquirir a totalidade da Pasadena, caso ocorresse algum desentendimento com a Astra Oil, além de garantir uma remuneração de 6,9% ao ano para a sócia belga, mesmo que o cenário econômico fosse negativo.
“Diante de tantas denúncias fica claro que não há apenas uma caixa-preta a ser aberta; há, também, nichos importantes da empresa agindo no paralelo e à margem da presidência da empresa”, lembra Marcio Bittar. Ainda de acordo com Bittar, as revelações diárias de irregularidades na Petrobrás justificam uma investigação profunda nas entranhas da estatal. Ele também lembra que o erro na compra de Pasadena fica cada dia mais evidente que o governo está com medo de uma investigação séria.
Jornais divulgaram que os sócios belgas da Astra consideravam que a administração da refinaria de Pasadena era uma bagunça só. A própria presidente da Petrobrás, Graça Foster, declarou que não sabia das estruturas paralelas previstas no contrato de compra da Refinaria. Tal fato, diz Bittar, “demonstra que a gestão da empresa passa por momentos de completo amadorismo, o que, sem dúvida, permitiu que o ex-diretor Nestor Cerveró pudesse agir livremente para inflar os valores que a estatal pagou pelo negócio”.
Ainda na avaliação de Bittar, a CPI precisa ser instalada com urgência, “porque a cada dia fica mais claro que a gestão petista rifou a Petrobras, loteou a empresa e entregou partes importantes do negócio aos amigos da estrela”. Bittar lembra que a Petrobras é um patrimônio dos brasileiros e por isso deve ser defendido de interesses partidários ou particulares.