Jordão, na mesorregião do Juruá, fronteira com o Peru, no Acre, ficou conhecida recentemente por ser o município com um dos piores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país. Em uma escala de 0 a 1, a nota obtida pela cidade foi de 0,469, o que faz com que figure na faixa de áreas com pouco desenvolvimento humano.
O município segundo pior em qualidade de vida do estado não consegue esconder sua pobreza. 1.589 famílias dependem da transferência do governo federal através do Bolsa Família e Brasil Carinhoso para sobreviver. Quase a metade da população de 6.557 habitantes é analfabeta. A cidade convive com problemas em todas as áreas e enfrenta uma realidade em que falta quase de tudo, principalmente saúde, educação e saneamento.
O consumo de carne bovina sem fiscalização sanitária não é “privilégio” da população rural. Ele também acontece na cidade. Alguns costumes são conservados mesmo colocando em risco a saúde da população. Os três açougues existentes na cidade comercializam carne sem procedência. Para piorar ainda mais a situação, com as péssimas condições do ramal da Integração – por onde são escoados 80% da carne bovina – o transporte do produto passou a ser feito em carroças de boi e no lombo de diaristas.
“Aqui não tem local para o abate de animais. Cada um faz do jeito que pode. De tiro, a golpes de machado, vale tudo”, disse Farias. Ele conta que as carcaças de boi transportadas nos ombros de diaristas passam em frente da Delegacia de Policia Civil que fica ao lado de sua casa, na zona central do município. E que a cena inusitada é uma rotina na vida dos jordãoenses. “A população consume a carne sem saber sua procedência e ainda transportada de forma irregular; não tem outra opção”, acrescenta um vendedor do produto.
A Associação de Produtores Rurais foi procurada pela reportagem, mas em fase de transição administrativa, ninguém está autorizado a falar em nome da instituição. Procurado, o secretário de saúde do município, Antônio Ferdinei, alegou falta de tempo para tratar do assunto. Antes de desligar o telefone, o secretário ainda confirmou que a cidade tem o serviço de vigilância sanitária. Mas não soube explicar porque ela não atua para o combate do abate clandestino.
Jordão está sem prefeito e vice-prefeito. Quem assume interinamente os destinos do município é o vice-presidente da Câmara de Vereadores de Jordão, Rosenildo Melo, o Dóda (PT). Ele não foi encontrado para falar sobre o assunto.
Farias explicou que em parceria com o governo do Acre, um investimento de R$ 1 milhão será feito na construção de um abatedouro municipal e aquisição de um caminhão frigorífico para o transporte adequado da carne bovina. Acrescentou que o ramal da Integração que liga a região do Murú com o município vai receber recursos de emendas federais para garantir a trafegabilidade de inverno a verão. Com relação à vigilância municipal do município, o chefe do executivo disse que não existe nenhum
Jordão fica isolado do resto do estado. Para chegar ao município, partindo de Rio Branco, via aérea, é necessário viajar (450 km em linha reta) em aviões pequenos. De barco a viagem pode ser feita em cinco dias dependendo da época do ano. A cidade está localizada na junção entre os Rios Tarauacá e Jordão.
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