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Rotina de ribeirinhos no Município de Manicoré muda com a cheia do Madeira

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A rotina de ribeirinhos no Município de Manicoré (distante 333 quilômetros de Manaus) mudou completamente com a cheia do rio Madeira. As comunidades rurais localizadas em área de várzea são as mais afetadas. A população do município soma pouco mais de 51.300 habitantes, sendo que mais de 50% estão na zona rural, segundo dados da prefeitura.


A subida das águas num ritmo acelerado e anormal surpreendeu os moradores das comunidades rurais. A última grande enchente que enfrentaram foi em 1997. Mais de 15 anos depois, o município se mantém em estado de emergência. A situação foi decretada pela prefeitura no dia 10 de março, considerando o registro de elevação de 12 cm ao dia do nível do rio.


De acordo com o prefeito Lúcio Flávio do Rosário (PSD), Manicoré tem quase 200 comunidades rurais, incluindo as que estão em área de terra firme. Porém, 72 comunidades na área de várzea estão inundadas.

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É pelo barco “Pai Rubem”, alugado pela prefeitura, que tem chegado a primeira assistência aos ribeirinhos que foram atingidos pela cheia. A prefeitura fez, no mês passado, o levantamento e cadastramento das famílias que estavam com as casas alagadas, e também das famílias que ainda seriam atingidas pela grande cheia.


O levantamento resultou numa operação de assistência aos ribeirinhos que iniciou na última quarta-feira com a meta de distribuir 600 cestas básicas, além de tábuas, peças de perna manca, redes, remédios e outros itens, até este domingo.


A embarcação saiu rumo às comunidades rurais com uma equipe da Defesa Civil do Município e de servidores da prefeitura. O objetivo da operação é abastecer emergencialmente as famílias mais carentes, que perderam suas produções rurais, e que não conseguiram se mudar para as comunidades de terra firme. Mais de mil famílias, somando mais de seis mil pessoas foram afetadas pela cheia.


No primeiro dia da operação, o barco esteve em três comunidades. Na comunidade Liberdade, localizada na chamada Região das Onças, o agricultor Paulo da Silva Ferreira, 39, disse que em oito dias, o nível do rio subiu um metro naquela área. “Os moradores estão assustados com a situação”, falou.


Liberdade está numa das partes mais altas da área de várzea. O que surpreendeu os moradores é que em outras cheias a água ficava bem abaixo do assoalho das casas. Este ano, faltam cerca de 50 cm para a água inundá-las.

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Na comunidade Santo Antônio, muitas casas estão desocupadas. Alguns moradores se mudaram para comunidades na terra firme, outras estão morando em balsas de garimpo. Até a imagem de Santo Antônio foi retirada da igreja da comunidade que está alagada.


Elevação do rio Madeira


A elevação do nível do rio Madeira também ameaça a sobrevivência de animais na zona rural de Manicoré. Antes de chegarem até a área de terra firme, muitos animais acabam morrendo.


A enchente coloca em risco até animais ameaçados de extinção. Na comunidade Liberdade, um tamanduá-bandeira acabou sendo morto por um ribeirinho após ser encontrado debilitado devido a tentativa mal sucedida de procurar a terra firme. O morador alegou que não havia condições para tentar salvar o animal.


Os cães também tentam se salvar como podem. Ficam dentro de canoas, em cima de marombas ou dentro das casas de seus proprietários.


A agricultora Maria Duarte de Freitas, 48, disse que nunca quis criar um cachorro para evitar ver o animal sofrendo com a enchente. “A gente já sofre um sufoco durante a cheia, os animais também acabam sofrendo e às vezes até mais”, contou.


De acordo com a prefeitura, 100 patos, 300 galinhas e 250 porcos não conseguiram sobreviver a grande enchente. “Tenho 54 anos e ainda não tinha passado tanto sufoco”, disse a agricultora Eunice Freitas dos Santos.


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