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Cheia muda o meio de transporte de milhares de desabrigados no Taquari

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Da redação ac24horas

Que o prefeito Marcus Viana e o governador Sebastião Viana têm se esforçado para atender as vitimas da enchente do Rio Acre, isso ninguém duvida, nem mesmo o mais ferrenho adversário político. Mas todo o esforço empenhado até o momento não foi suficiente para resolver a grande demanda de solicitações de auxilio no transporte  dos alagados, principalmente no bairro Taquari, o mais atingigido pela cheia na capital.



A reportagem do ac24horas acompanhou de perto no inicio da noite desta quarta-feira, 12, o sofrimento de milhares de famílias – algumas não alagadas – no bairro mais atingido pelo pico de enchente desde o último domingo: o Taquari. No local, os gestores pediram ajuda do Exército Brasileiro para controlar a situação de emergência, mas sobrou mão de obra e faltou logística.


O problema acontece porque nem prefeitura e nem governo disponibilizam barcos para transportar quem precisa se locomover da área ainda não alagada, na região mais alta do bairro, para o centro de Rio Branco. Onde muitas casas e pontos estratégicos ficaram debaixo d’água, donos de barcos aproveitam a situação para ganhar dinheiro carregando pessoas, móveis, animais, bicicletas, motos e todo tipo de coisas. Alguns catraieiros chegam a faturar R$ 140 por dia. Uma rotina que começa cedo, nas primeiras horas da manhã e segue durante a noite.



Dois pontos foram improvisados nos extremos da Rua Taquari, ligando as áreas alagadas e a região que ainda não foi invadida pela força do Rio Acre. Uma das rotas mais utilizadas pelos barqueiros é um pasto inundado. Mas o improviso segue pelas travessas e ruas do bairro. Até menores foram flagrados fazendo o transporte.


Com a ajuda do catraieiro Pedro Lima, a reportagem acompanhou o transporte de um dos moradores que não aceitou a ajuda do governo. Já era quase dezoito horas da tarde desta quarta-feira quando Célio Costa retornou para sua casa localizada em uma das travessas próxima do local conhecido como quatro bocas. A água por muito pouco não invadiu o pequeno barraco. Ele foi recebido pela esposa Samira e o cachorro que com o quintal invadido pelas águas, sobrevive em um trapiche de pouco mais de dois metros quadrados.



“Conheço família que desde 2012 quando deu aquela forte enchente vive do aluguel social, ainda não foi encaminhada para nenhum conjunto”, disse Samira criticando a política habitacional do governo e justificando a aventura de permanecer com a casa praticamente tragada.


A residência de Samira é uma das marcadas pela Defesa Civil (DC) para que a família seja contemplada na Cidade do Povo. Além dela, dezenas de outros imóveis tem a marca pichada pela DC. Em alguns locais, somente o telhado ficou de fora, outras estão completamente submersas ou foram arrastadas pelas correntezas.


A imagem é de total abandono. Objetos deixados para trás boiam no cenário de completa sujeira. Quem se arrisca ficar em casa, se nega a falar, se esconde do registro fotográfico. Animais esquecidos pelos moradores são os únicos a se exibirem para as lentes. Alguns condenados a sobreviver sabe-se lá até quando em minúsculos metros quadrados.



O catraieiro revelou que “os maiores clientes são pessoas que vão e voltam do trabalho e os moradores que já saíram, mas que voltam para verificar a situação de suas casas”, disse Pedro.


O que é desespero para muitos, significa nesta época do ano alegria para poucos. A renda extra garantida pelo transporte feito sem nenhuma fiscalização ajuda no sustento e até poupança de quem tem canoa e remo, barco e motor, e claro, muita disposição para trabalhar.


“Cobramos dois reais por cada passageiro, todo ano já contamos com essa renda que ajuda nas despesas e na economia da gente”, acrescenta Pedro.


A rotina se repete em outras regiões atingidas pela cheia do Rio Acre, mas o Taquari é escolhido pelos catraieiros por causa do fluxo de passageiros. Considerado pelo IBGE como área de aglomerado subnormal, de acordo o último censo, 7.285 pessoas moram na região em condições desordenadas.  No último domingo, foram 600 pedidos de socorro registrados pelo telefone 190 da Policia Militar, a maioria de famílias desabrigadas no Taquari.


“Dormiu gente próximo do Posto porque não tinha carro para transportar as coisas. Ontem aconteceu o mesmo”, disse Célio.


Com nível de 16m75, 1062 famílias encontram-se atingidas em toda Rio Branco pela cheia do Rio Acre. Ao todo 4.051 pessoas estão desabrigadas. 55 famílias foram encaminhadas para o Ginásio Coberto e outras 28 estão no terceiro abrigo público construído na quadra do SESC do Bosque.


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