Se o nível do rio Madeira continuar subindo nos próximos dias, de acordo com a previsão do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), será inevitável a evacuação de toda a população de Abunã, distrito localizado no eixo da BR 364, distante 214 quilômetros do núcleo urbano de Porto Velho. Essa é a previsão do administrador do distrito, Lélio Ibanez França. “A nossa situação é muito difícil. Estamos sofrendo um impacto muito grande com essa enchente do Rio Madeira. E se o rio subir mais meio metro, não dará para manter os moradores no distrito. E o volume de água que vem faz com que o nível suba uns vinte centímetros por dia. Por isso afirmamos que não vai dar para segurar se esse quadro permanecer. Vamos ter que remanejar todo mundo para áreas mais seguras. Mas estamos preparados para colocar em execução esse, que é o plano B”.
De acordo com Nélio Ibanez, cerca de 16 quilômetros da rodovia federal estão debaixo d’água, interrompendo a comunicação por terra com o distrito que está praticamente isolado do resto do município. Para entrar ou sair de Abunã, só se for pelo rio. Um ancoradouro foi improvisado para receber as embarcações. Por estar “prensado” entre os rios Abunã e Madeira, o distrito é um dos mais atingidos pela enchente devido essa proximidade. Com um grande trecho da estrada sob as águas, a administração local conseguiu emprestado do distrito de Fortaleza do Abunã duas pequenas embarcações (uma chalana e um motor de popa) para transportar as pessoas que necessitam vir a cidade, principalmente quem necessita fazer tratamento médico na cidade.
Em Abunã, entre 100 a 120 famílias (cerca de 4 mil pessoas) já foram retiradas e alojadas em abrigos nas escolas, igrejas e outros espaços que estão sendo utilizados para essa emergência. Um deles está a aproximadamente 30 quilômetros distantes da sede do distrito. O local servia de acampamento para uma empresa que já não atua mais na região. “São 35 apartamentos que existem no acampamento. O local está bem estruturado com poço artesiano, energia elétrica 24 horas”, afirmou o administrador.
Nélio afirmou também que, ao contrário de outros distritos, Abunã ainda não sofre com desabastecimento e que o apoio humanitário que as famílias desabrigadas estão recebendo tem sido muito importante. Duas remessas de cestas básicas já foram enviadas para atender os desabrigados, fora outras doações como roubas, produtos de higiene pessoal, entre outros. “Teremos recebido o apoio da prefeitura desde de quando a situação começou a ficar crítica. E nosso trabalho é dia e noite para atender essas pessoas que passam por esse sofrimento, que vivem uma situação que é desesperadora, mas que com a apoio de todos, teremos como superar essas dificuldades”, disse. O frigorífico, onde também existe um poço artesiano, instalou uma torneira para disponibilizar água aos atingidos pela enchente.
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