Os voos realizados entre Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) pelos aviões de carga da FAB (Força Aérea Brasileira) não suprem a demanda do mercado acreano de alimentos, provocando a escassez e a elevação dos preços para o consumidor final. É o que diz um dos diretores da Associação de Supermercados do Acre, Adem Araújo.
Segundo o empresário, o Estado tem uma demanda de ao menos 700 toneladas de hortifrutigranjeiros semanal. A carga transportada via aérea pelo governo não alcança nem a metade deste consumo, tampouco a que consegue chegar pela estrada.
Em 22 voos realizados até sábado, somente 180 toneladas chegaram aos supermercados. Araújo afirma que há escassez de verduras e legumes por conta das dificuldades de passagem pela BR-364, tomada pelas águas do rio Madeira.
De acordo com o empresário, muitos motoristas e transportadoras já não se arriscam em encarar a lâmina d’água que cobre a rodovia. Com isso o Acre não consegue suprir suas necessidades já que depende em quase 90% da importação de alimentos. Araújo diz que a solução tem sido a compra nos estoques ainda disponíveis nas distribuidoras locais, mas que também enfrentam problemas.
Segundo ele, a falta de oferta não tem como levar o setor a repassar os custos ao consumidor final. “Mas este aumento tem atingido somente 10% do total de produtos comercializados. Os mais afetados são trigo, óleo de soja e açúcar, bem como alguns legumes e verduras”, diz. Outro problema que ocasiona a elevação dos preços, de acordo com o setor, é a entressafra de alimentos como o tomate e a batata.
O segmento teme que com a elevação do nível do rio Madeira em Rondônia haja o fechamento completo da rodovia, o que causaria grandes prejuízos. De acordo com o presidente da Acisa (Associação Comercial), Jurilande Aragão, a iniciativa privada não está aumentando os preços nos produtos transportados pela FAB, conforme acordo com o governo.
O setor de supermercados prevê que os preços só voltarão ao normal após a segunda quinzena de março, com a perspectiva de vazante do Madeira. Por mais que o governo queira passar a imagem de segurança, as reclamações são muitas, sobretudo no aumento do custo com a alimentação.
O quilo de tomate em alguns pontos supera os R$ 6. O saco de cinco quilos de arroz antes vendido a R$ 10 chega a R$ 13. Um dos vilões passou a ser ovo, com a dúzia sendo vendida acima de R$ 5.
Importação inviável
Outro mito propagado pelo governo Sebastião Viana (PT) é a importação de hortifrutigranjeiros do Peru. Os empresários, contudo, afirmam não ser esta uma boa opção por conta dos aumentos de custos. “para nós não é competitivo importarmos do Peru pois os custos são elevados”, diz Araújo. Além disso, muitos dos alimentos produzidos no país vizinho são diferentes dos consumidos pelos acreanos, o que poderia causar rejeição pelo mercado.