Quem não acreditar basta acompanhar as redes sociais. O desespero e a agressividade com que as pessoas que têm cargos de confiança seja do Governo, prefeituras ou gabinetes parlamentares reagem a qualquer informação é impressionante. Existe um verdadeiro pânico de uma derrota eleitoral porque ela significará para muitos o “desemprego”. Então o debate não é apenas ideológico, mas pela sobrevivência. Por exemplo, quem tem ligações com a FPA e tem seu “empreguinho” garantido sabe que se o grupo apear do poder vai para a rua. Já o pessoal da oposição sonha exatamente com essa vaga que ficará aberta no caso de uma vitória. Portanto, uma eleição no Acre é algo inédito no Brasil. Significa sobrevivência e não opção pelo que é o melhor para a sociedade.
Por que isso acontece?
O Estado não conseguiu gerar oportunidades suficientes para uma vida independente aos seus cidadãos e cidadãs. Existem muito poucos empregos na iniciativa privada. O que movimenta a economia do Acre são as máquinas federais, estaduais e municipais.
Frustração
Não foi falta de esforço das autoridades. Mas acho que erraram o foco. A ZPE, por exemplo, em Senador Guiomard, o atual Governo gastou milhões. Depois de três anos ainda nenhuma empresa se instalou na zona de produção e exportação.
A realidade
Como uma indústria de grande porte vai instalar-se no Acre? Existem problemas com a energia elétrica de péssima qualidade e a mais cara do Brasil. O combustível também é o mais caro do país. As estradas ainda são insipientes e têm limitações de tonelagem. Assim fica difícil.
Logística complicada
Além dos problemas de infraestrutura básica, o Acre é o estado mais ocidental do Brasil. Fica há mais de três mil quilômetros dos principais centros comerciais e portos do país. Tem a saída para o Pacífico, mas que ainda não está completamente concretizada por depender do Peru.
As tentativas de solução
Os governos de Jorge Viana (PT) e Binho Marques (PT) apostaram, na minha opinião, corretamente numa economia florestal. Mas a proposta para tornar-se realidade precisava de mais tempo. As necessidades eleitorais fizeram com que a proposta fosse abandonada.
Novas buscas de soluções
O atual Governo de Tião Viana (PT) apostou todas as fichas numa tentativa de industrialização que, por enquanto, não resultou em nada. É verdade que algumas novas empresas surgiram, mas nada que pudesse gerar os empregos que os acreanos necessitam.
Erro de foco
Não pretendo ser o dono da verdade. Como analista emito simplesmente a minha opinião. Mas o Acre deveria ter apostado mais no seu mercado interno. Aliás, foi isso que o PT nacional fez com a nossa economia nos seus três governos seguidos.
Desnecessário
Outro erro dos governos da FPA foi criar indústrias com dinheiro público para entregar ao empresariado. Isso é um absurdo. A fábrica de tacos de Xapurí não é mais nem sombra do que era. A Álcool Verde um fracasso. E vai por aí!
Outro lado
Claro que algumas iniciativas tiveram bons resultados. Como é o caso da Natex e da fábrica de frangos de Brasiléia. O Dom Porquito também poderá resultar em produtividade. Mas é muito pouco para atender a demanda de mais de 700 mil acreanos.
O papel de cada um
Na minha opinião, o Governo deveria ater-se em investimentos relacionados a infraestrutura do Estado. E deixar as iniciativas produtivas para os empresários. Cada um no seu papel e as coisas ficarão mais fáceis. Essa tentativa dos tentáculos estatais tentarem controlar tudo é uma falácia.
Aposta no positivo
Acho uma asneira apostar no caos. Ou seja, quanto pior melhor. Não penso assim. Mas essas eleições serão uma oportunidade para um debate saudável sobre o Acre real. Tirem as propagandas inócuas do ar. Debatam sobre soluções para a economia acreana diante do que já foi feito e do que ainda poderá ser feito.
Otimista
Acredito na potencialidade do Acre. A floresta com a sua riqueza extrativista incalculável, os milhares de hectares já abertos de pastos para gado, a logística dos rios, as pequenas fábricas de manufatura, o artesanato. Existem sim soluções! Mas é preciso humildade e trabalho com os potenciais naturais do Estado. E não querer inventar a roda de novo.
As eternas eleições acreanas
Outro fator que prejudica sobremaneira a economia do Acre é o eterno clima de disputa eleitoral. As eleições parecem não acabar nunca no Estado. E depois de cada pleito vencedores e derrotados não descem do palanque. As intrigas continuam, enquanto a população padece de soluções para o seu dia-a-dia. Vejam o caso da possibilidade de isolamento do Estado por causa da cheia do Rio Madeira. Por um lado, o Acre não tem produção interna suficiente para manter-se caso a ligação com Rondônia seja fechada. E mesmo com a crise eminente o governador Tião Viana (PT) em nenhum momento convocou a bancada federal acreana para ajudar na crise. Um absurdo que pode e deve ser corrigido. E as próximas eleições serão um momento oportuno para ver se a população acreana concorda com esse modelo ou se deseja uma mudança. No mais é só desejar que a vontade da maioria seja respeitada democraticamente.
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