Independente da data de inauguração da Arena da Amazônia – Vivaldo Lima, adiada pelo Governo do Estado três vezes, a cerimônia que dará início às atividades no estádio será marcada por protestos. Pelo menos, três movimentos estão confirmados para se manifestar contra o investimento na construção da arena, durante a visita da presidenta Dilma Rousseff (PT).
Dois são coordenados por ativistas do “Vem Pra Rua Manaus”, na Internet, e o terceiro é liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Civil de Manaus e do Estado do Amazonas (Sintracomec-AM). Mais de 1,3 mil pessoas confirmaram presença para os dois eventos mobilizados pela Internet. O Sintracomec promete reunir 98 mil trabalhadores da construção civil da capital na frente da arena.
A inauguração estava prevista para sexta-feira, mas foi adiada depois da morte do técnico português Antônio José Pita Martins, 55, na última sexta-feira. Ele foi o terceiro operário morto em acidente no canteiro de obras, num total de quatro mortes no complexo, uma vez que, em dezembro de 2013, o operário José Antônio da Silva Nascimento, 49, morreu de infarto nas obras do Centro de Convenções do Amazonas (CCA), ao lado do estádio.
O primeiro protesto chamado “Inauguração da Arena Superfaturada da Amazônia” está marcado para o próximo sábado e tem a confirmação de 1.143 participantes.
Os organizadores do evento defendem que é preciso cobrar direitos e dar um recado para os governantes que priorizaram estádios, enquanto a população sofre problemas nas áreas da saúde e educação.
O movimento destaca que não é contra a Copa do Mundo, mas contra a priorização do evento e alerta que é necessário reivindicar melhorias que não foram feitas para receber o mundial. “Todo lucro do evento ficará com a Fifa e os estádios se tornarão elefantes para nós pagarmos pela manutenção. E se não dermos conta de pagar, o governo entregará para iniciativa privada”, ressalta.
O segundo protesto denominado “Copa pra quem? – 2° Ato Nacional” está previsto para às 16h do dia 22 deste mês, uma semana depois do ato “Inauguração da Arena Superfaturada da Amazônia”. O evento tem o intuito de provocar um debate na sociedade sobre o legado da Copa Mundo, em Manaus, após o encerramento do mundial. Os organizadores pretendem relembrar no ato “todas as promessas realizadas para que o Brasil fosse escolhido como sede do evento”. “Arenas esportivas padrão Fifa foram erguidas, infelizmente com o restante das áreas prioritárias para a população o mesmo não aconteceu. “Queremos escolas, hospitais e transporte público padrão Fifa”, destaca.
Preparação começa nesta quarta-feira (12), no largo
A primeira assembléia pública para definir as diretrizes do “2º Ato Nacional Copa Pra Quem?” organizados pelo movimento “Vem Pra Rua Manaus” será realizado nesta quarta-feira , às 17h, no largo de São Sebastião, no Centro.
Segundo as informações disponíveis na página do evento, na Internet, é o momento das pessoas que vão participar, opinar e ajudar na elaboração das pautas de reivindicação. “Estamos exigindo apenas o que nos foi prometido”, diz o convite da assembleia.
Após a realização do “Ato Nacional Copa Pra Quem?”, o “Vem Pra Rua Manaus” promete fazer novos protestos para tratar de assuntos específicos e que estão relacionados à Copa do Mundo, em Manaus. O primeiro tema abordado será a Mobilidade Urbana, uma das pautas consideradas esquecidas no País.
Na próxima sexta-feira, os organizadores do evento farão uma oficina para confecção de cartazes que serão usados nos atos. O encontro também deve ser no Largo de São Sebastião.
Paralisação fracassa, mas sindicatos não desistem
A tentativa de paralisação dos trabalhos na Arena da Amazônia Vivaldo Lima, anunciada para ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Civil do Amazonas (Sintracomec-am) foi frustrada e não teve adesão dos operários da obra.
Segundo o presidente do Sintracomec-am, Cícero Custódio, 70% dos funcionários estavam apoiando a paralisação que busca dar aos trabalhadores um dia de luto pela morte do operário português Antonio José Pita .
Com faixas pedindo que não haja mais mortes no estádio, cerca de 50 pessoas de oito sindicatos se reuniram desde as 6h para tentar impedir a entrada dos funcionários, mas foram impedidos por seguranças da empresa Andrade Gutierrez.
De acordo com Cícero Custódio houve um principio de tumulto por que pela segunda vez os trabalhadores não puderam escolher trabalhar ou participar do movimento.
Ainda de acordo com o presidente do sindicato, a empresa Andrade Gutierrez ofereceu 20 horas extras para que os operários voltassem ao trabalho, informação que foi negada pela empresa que disse que as duas tentativas de paralisação não aconteceram por que não houve adesão dos próprios funcionários.
Para o coordenador da Unidade Gestora da Copa (UGP), Miguel Capobiango, essas tentativas de paralisação devem ser resolvidas pela empresa responsável pela obra, porém não há justificativa do sindicato que não é o da obra tentar paralisar o trabalho nesse momento.