Quando tudo e todos pensavam que os líderes da oposição chegaram ao ponto máximo da demonstração de despreparo para elaborar um simples plano para governar o Acre nos próximos quatro anos, eis que o grupo de Tião Bocalom (DEM) e Sérgio Petecão (PSD) superam os limites. A aliança com o PMN e o lançamento da pré-candidatura do Roberto Duarte Júnior ao Senado é uma clara demonstração disso.
O grupo certamente voltará a apresentar um programa de governo em quatro páginas A4. Enquanto isso, o candidato a senador esquecerá de dizer ao eleitor a razão de querer ser parlamentar –quase interesses do Acre vai defender – e procurará se eleger tão somente com base na popularidade da pirâmide financeira Telexfree.
Uma pirâmide financeira, sim, pois assim tem entendido a Justiça em todos os seus julgamentos. Um grupo da oposição tentará chegar ao poder arvorado num esquema ilegal de investimento de capital, quer levaria milhares de acreanos a prejuízos incalculáveis quando a bolha estourasse.
As propostas para tirar o Acre de seu atual estado de ostracismo econômico e social não existem. “Quando chegar lá a gente vê o que faz”, assim falam muitos dos membros desta aliança. Agora, como esta composição terá a moral de criticar o governo petista por corrupção na G7 se está ancorado num esquema fraudulento de enriquecimento de quem está no topo da pirâmide?
E os planos para cuidar da saúde, educação, geração de emprego, segurança pública? Quais as alternativas ao atual modelo? Por que o eleitor deve tirar o PT do poder para coloca-los?
Estas circunstâncias revelam a crise de representatividade da política acreana. O grupo do Palácio Rio Branco está carcomido, mas esta postura de condutores oposicionistas leva a sociedade a não alterar o partido no poder, seguindo a velha máxima do ruim com eles, pior sem.
Inimigos (??) de Tião
É interessante ver que nesta aliança PSD/DEM/PMN estão aqueles que se evocam como os maiores adversários do petismo acreano, mas trabalham dia e noite para assegurar o segundo mandato de Tião Viana. Está provado na história recente do Acre que a divisão da oposição beneficia única e exclusivamente a quem governa.
Modelos
Isso não acontece só no Acre, mas em qualquer sociedade que tenha o voto direto como modelo para escolher seus representantes. Vejamos na vizinha Venezuela, onde a oposição só passou a ter chances de derrotar o Chavismo quando ficou toda unida em torno de Henrique Capriles; os opositores ainda não venceram, mas a cada eleição diminuem a diferença ante a força do bolivarianismo do século 21.
Democracia forte
Outro modelo é o americano, onde apenas dois partidos disputam o poder, e nem por isso os EUA são uma ditadura, muito pelo contrário. Lá, qualquer presidente –seja democrata ou republicano – sabe que terá um único adversário a enfrentar. Este modelo assegura vitalidade à oposição, garantido igualdade na disputa e, principalmente, a alternância de partidos tão importante para a democracia.
Faça o que digo…
É estranho ver o mesmo advogado Roberto Duarte defender na semana passada a alternância de partido como princípio do Estado Democrático de Direito, agora apoiar um grupo que trabalha justamente contra esta sua ideia. A divisão da oposição interessa somente a Tião Viana (PT). O jovem Roberto Duarte poderia começar bem melhor sua carreira na política, que poderia ser mais gloriosa.
Expectativas
São em figuras como de Roberto Duarte que o eleitor poderia encontrar alguma expectativa para tirar as velhas raposas da política local para colocar suas esperanças em alguém com a formação intelectual e ética do jovem advogado. Vê-lo perder-se em práticas retrógradas faz o eleitor perder a esperança, levando a este número recorde de abstenção a cada eleição.
Intervenção S/A
Logo após o anúncio da saída do PMN do G10, espalhou-se a notícia de que Márcio Bittar (PSDB) recorreria ao governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), para intermediar uma intervenção junto à executiva nacional do PMN para ter o partido de volta.
Boa viagem
O tucano negou esta possibilidade, afirmando não ser de sua biografia política recorrer a esta prática. “Acho que cada um deve estar onde se sente melhor, não podemos obrigar ninguém a ficar conosco.” “Não tenho o histórico de intervenção como o Bocalom, que assim procedeu com o DEM em 2012 e agora em 2013. Os partidos precisam ser respeitados, e não tomados de cima para baixo”, diz Bittar.
Votos separados
Dentro do agora G9, muitos não acreditam mais na possibilidade um palanque único da oposição. Alguns chegam até a defender mesmo a candidatura da aliança DEM/PSD. Para eles, os tiroteios de bastidores trocados entre si não dão mais condições de uma união no primeiro turno, restando, quem sabe, uma relação de tolerância no segundo turno, isso se Tião Viana não resolver o jogo logo nos 45 minutos da etapa inicial.
Batismo
Os condutores do conselho político da oposição não estão nada satisfeitos com a coluna denomina-los G9, ou G qualquer número. Para eles, isso lembra a operação G7, a operação da Polícia Federal que prendeu secretários e empreiteiros amigos do governo Tião. José Bestene (PP) tem a proposta de batizá-lo de MDP (Movimento Democrático Popular).