Hoje Rio Branco tem seu feriado do Dia do Evangélico, e nos bastidores das principais candidaturas ao Palácio Rio Branco a movimentação é intensa para a obtenção de apoio eleitoral das principais e grandes congregações do Acre. Com quase 40% da população acreana declarada evangélica, ter pastores com significativos rebanhos pode fazer a diferença na hora da apuração dos votos.
Hoje, os protestantes ocupam espaços importantes na política local; têm uma expressiva bancada na Aleac (Assembleia Legislativa do Acre) e nas câmaras municipais. Nas gestões do PT encontraram mais as portas abertas no governo Tião Viana, mesmo com sua formação católica.
Desde os tempos de Senado, Tião procurou manter bom relacionamento com evangélicos. Para a obtenção destes apoios nos últimos três anos o Palácio Rio Branco fez vários acenos e afagos aos líderes espirituais. Uma das medidas em curso é a regularização fundiária de centenas de templos em todo o Estado.
Mesmo com esta política de boa vizinhança, o governo petista enfrenta resistência no eleitorado evangélico conservador. O partido sempre esteve ligado à defesa de causas repudiadas pelos religiosos, como o casamento homossexual, a descriminalização do aborto e da maconha.
Desde sua fundação o PT (e outras legendas de esquerda) foram demonizadas pelos evangélicos, vistos como inimigos da fé e “legendas do diabo”. Mesmo tendo ao seu lado pastores de importantes denominações, Tião Viana compreende que este não é um voto garantido, pois na hora de votar (como eles dizem), é o eleitor e Deus; ali não tem fogueira santa de Israel que faça milagre.
Fé tucana
O pré-candidato ao governo Márcio Bittar (PSDB) obteve esta semana a sinalização de apoio do presidente da Convenção da Assembleia de Deus no Acre, Pedro Abreu de Lima, uma das lideranças evangélicas mais influentes do Estado, e sempre cortejada pelo governo. Mas pela incompatibilidade de sua fé com as bandeiras liberalizantes do PT, vai apostar no tucano.
Tea Party Amazônico
A pessoas mais próximas o candidato tucano diz que sua postura política será do conservadorismo, dando opção à defesa de valores tradicionais, como do fortalecimento da família e a valorização de princípios cristão e éticos. Do comunismo radical de sua juventude nos anos 1980, Bittar vai trilhando pelos caminhos da direita, numa metamorfose à FHC.
Sujo e mal lavado
Nesta polarização PT versus PSDB na disputa pelo governo do Acre, a temática corrupção será espinhosa para ambos os lados, em especial do ponto de vista nacional. As duas legendas estão afundadas em denúncias de corrupção –do mensalão ao trensalão. Do ponto de vista local, os tucanos estão com a ficha-limpa ante a operação G7.
Identidade dupla
O secretário Leonildo Rosas (Comunicação) entra 2014 se consolidando como o principal cabo eleitoral da oposição, e contribuindo para afundar o governo Tião Viana (PT). A forma desrespeitosa como se dirigiu aos sindicalistas da Polícia Civil mostra o despreparo emocional dele para uma função tão estratégica para um governo em situação delicada.
Livre iniciativa
O gestor público precisa aceitar e compreender as reivindicações de cada categoria pela luta de suas melhorias. Se o sindicato não aceita uma proposta, cabe à equipe técnica fazer uma nova avaliação para chegar perto daquilo desejado. Não atacar trabalhadores em seu legítimo direito constitucional de exigir melhores salários e condições de trabalho é um princípio democrático.
Casos e casos
Alguns membros do PT recordam a tese defendida pelos apoiadores de Anibal Diniz (PT) de que o diretório nacional quer o partido mantendo a cadeira no Senado. Sim, esta é uma orientação da Executiva nacional, mas alguns fatores conjunturais precisam ser levados em consideração, como as alianças e as perspectivas de fortalecimento em outros espaços; não é a qualquer custo que o PT se fincará numa posição.
A dor do parto
Para o PT ou qualquer outro partido, perder uma cadeira como a do Senado é um prejuízo político incalculável. Mas as atuais circunstâncias levam o PT e o governo Tiâo Viana a conceder ao PCdoB. Desta forma, os comunistas –em caso de vitória em outubro – se consolidam como uma das principais forças políticas acreanas para as próximas eleições, almejando até o Palácio Rio Branco.
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