A reportagem de ac24horas teve acesso na noite deste domingo (12) a fotos e informações que demonstram o caos que vem assolando as delegacias da Polícia Civil do Estado, e que a todo custo gestores da pasta da Segurança Publica vem negando e tentando esconder. Neste domingo apenas um agente está de plantão na Delegacia da 1ª Regiona.
O Agente de Polícia Civil Saynnom Meireles é o único policial de plantão na regional, já que os outros três policiais que estariam na equipe encontram-se impossibilitado de exercer a função por estarem doentes ou aposentados. Até o momento a Direção Geral da Polícia Civil não designou outros policiais para compor a equipe.
A reportagem conversou por duas vezes com o policial. A primeira aconteceu por volta das 15h de domingo. No momento da conversa, o policial ainda não havia almoçado, já que não poderia fechar a delegacia para sair para comer. O Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Acre (Sinpol/AC) foi notificado da situação e providenciou o almoço do agente. A segunda conversa aconteceu por volta das 21h e o agente confirmou que ainda continuava sozinho na delegacia.
De acordo com Saynnom Meireles, várias ligações foram realizadas para o delegado coordenador da 1ª Regional, Adriano Moraes, que afirmou que buscaria uma solução para o problema junto a Direção Geral da Polícia Civil.
“Comecei a ligar para o delegado era 10h, ele só me atendeu depois da sétima ligação, quase 11h da manhã, falei pra ele que estava só e que precisava almoçar, ele disse que entraria em contato com a Direção Geral para providenciar outros policias para ficar no plantão comigo, ele me retornou era quase meio dia dizendo que estavam providenciando outros policiais, quando foi 14h30 liguei para o Itamir (Lima) presidente do Sinpol, para falar o que estava acontecendo, e eles mandaram meu almoço. Durante toda a tarde liguei para o delegado, que não me atendeu”, contou o policial.
Meireles disse que só no início da noite é que conseguiu ir em casa para tomar um banho, isso depois que um colega que estava de folga ficou na delegacia por uma hora.
“No início da noite um colega, que estava de folga, apareceu por aqui e então eu contei pra ele a minha situação e ele fez uma gentileza e ficou na delegacia por pouco mais de uma hora até que eu fosse em casa tomar um banho e jantar. Quando voltei continuei a ligar para o delegado que me disse que o Diretor do Departamento de Polícia da Capital e do Interior, delegado Wanderley Thomas, avisou que não havia policiais disponíveis para ficar no plantão comigo. Minha preocupação é, que hoje acontecem várias blitzes da Álcool Zero e com isso .aumenta o movimento na delegacia. Já avisei ao delegado que ele será o responsável por qualquer problema que possa acontecer durante o plantão”, desabafou Saynnom Meireles.
Railson Melo, um dos diretores do Sinpol, foi quem levou o almoço do policial. Na saída da delegacia falou sobre a situação que, segundo ele, vem acontecendo há muito tempo, principalmente no interior do Estado.
“Recentemente o secretário Emylson Farias deu várias declarações a imprensa tentando descaracterizar o movimento deflagrado pela categoria, eles tentam a todo custo encobrir o caos que se instalou na Polícia Civil, mas essa é uma prova de que a situação é caótica, se na capital as coisas estão dessa maneira, imagine no interior”, declarou Melo.
A Operação Cumpra-se a Lei, deflagrada pelo Sinpol no último dia 8 tem adesão maciça da categoria, que já começou a sofrer represálias por parte da Direção Geral e de alguns delegados coordenadores de delegacias. De acordo com uma publicação no site do Sinpol, na manhã de sábado (11), na DEFLA, os agentes de polícia plantonistas foram intimidados pelo Delegado Coordenador da Central de Flagrantes – Josemar Moreira Portes -por não terem realizado a entrega de ofícios que fora determinado no início do plantão.
Segundo a publicação, como estavam apenas em número de três, os policiais não tinham condições de realizar a entrega dos ofícios, haja vista que, por questões de segurança, não poderiam deixar um policial sair sozinho na viatura, tampouco deixar apenas um Policial na guarda ao prédio da DEF\lA, que no horário possuía seis presos flagranteados. Por essa razão, os membros da equipe deram prioridade à custódia dos presos e tal situação foi repassada ao Delegado Coordenador da DEFLA, que se dirigiu a especializada para averiguar a situação.
Entretanto, mesmo após a minuciosa exposição dos fatos por parte dos plantonistas, o Coordenador não aceitou os motivos e determinou que fosse realizada a entrega de documentos, ainda que por um só agente. Diante de nova recusa da equipe plantonista, o Delegado Josemar Moreira Portes disse que esta atitude resultaria em “implicações administrativas e criminais decorrentes da não entrega dos referidos documentos”.
Mesmo diante da referida pressão, a equipe manteve a postura de limitar-se a guarda dos presos e ao recebimento das novas ocorrências. Em virtude disso, o Delegado Coordenador comunicou o fato à Direção Geral de Polícia, que enviou os Policiais Mendes e Sacramento para acompanharem o policial Cláudio durante a entrega dos ofícios. Assim que Sinpol/AC foi notificado do fato, o Secretário-Geral Jean Carlos do Valle foi até a unidade policial para acompanhar o desenrolar dos fatos.
