A decisão do governador Sebastião Viana (PT) de tornar pública a sua opção pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB) como candidata ao Senado na chapa majoritária da FPA (Frente Popular do Acre) criou um clima de mal-estar dentro da cúpula petista.
Inconformado com a decisão, o principal interessado no posto, o senador Anibal Diniz (PT), começou uma verdadeira operação para salvar sua “candidatura natural”. Ao começar as primeiras movimentações, Anibal percebeu que se encontrava sozinho neste embate, não tendo o apoio nem mesmo de seu partido.
O empenho do senador no PED (Processo de Eleições Diretas), realizado em novembro para escolher o novo presidente do PT, acabou por desgastá-lo entre as tendências minoritárias. Mesmo perdendo para o grupo majoritário -a Democracia Radical (DR) -, as tendências minoritárias obterem um significativo percentual de votação, alcançando 41% de preferência da militância petista.
A votação acabou por dar robustez ao grupo nas principais tomadas de decisão. Percebendo esta força, Anibal Diniz foi pedir socorro. Tendo o candidato derrotado Sibá Machado (PT) como intermediário, Anibal ouviu um “não”. “Os 41%”, como passou a se denominar o grupo, deixaram claro não haver condições de atenderem ao “pedido de socorro” do senador por seu empenho máximo na eleição de Ermício Sena, partindo para o ataque direto contra eles.
A atuação passada de Anibal como condutor das tomadas de decisão petista também acabaram por enfraquecê-lo. Seu estilo rude, trabalhando para impedir outras candidaturas no PT senão as apoiadas pelo então líder Jorge Viana, deixou muitos ressentimentos. Sem o apoio dos “41%”, ele perdeu a legitimidade para se apresentar como o candidato de consenso do PT.
A situação de Anibal só piora dentro de sua tendência, e grupo que hoje detém o comando do partido. Com a DR toda prostrada diante de Sebastião Viana (PT) é pouco provável que ele obtenha a “solidariedade” de Ermício Sena e demais dirigentes. A atuação do governador para a eleição do sociólogo o credenciou como o grande líder dentro da legenda, não permitindo a nenhum grupo ousar uma rebelião contra suas decisões.
Vendo-se perdido, Anibal saiu de cena e pediu socorro ao número dois do PT, seu colega de bancada no Senado, Jorge Viana (PT). Este, contudo, pouco também pode acudir Anibal por não encontrar espaços no governo de Sebastião, tampouco dentro do clero petista. As movimentações do Palácio Rio Branco sinalizam que Sebastião já bateu o martelo: sua candidata é Perpétua Almeida (PCdoB).
O governo tem em mãos dados que mostram a comunista como a mais competitiva para assegurar a permanência da cadeira com a Frente Popular, evitando de entregá-la à oposição. Para os petistas será um duro golpe transferir a candidatura ao PCdoB (posto este ocupado desde 1999 pelo então senador Sebastião), mas a necessidade é maior. A falta de lideranças populares faz Sebastião optar pela camarada.
Sebastião sabe que sua própria campanha será um duro embate, por isso não está disposto a arriscar sua reeleição centrando forças na candidatura ao Senado com Anibal, quando Perpétua e o PCdoB terão capacidade de conduzir a própria campanha.
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